O ‘efeito cinderela’ parece não querer largar o Parque Natural de Montesinho (PNM) pois de tempos a tempos se vê garroteado e até ameaçado, impedindo-o de existir tranquilamente.
O PNM é descendente de um rico e excelso território de montanha e mancha verde, com cerca de 75 mil hectares de grande beleza, biodiversidade e riqueza.
Foram os seus habitantes, ao longo de séculos que o criaram, antes de qualquer instituição legal como área protegida, e habituaram-se a cuidar dele e a preservá-lo, numa vivência saudável e respeitadora com os animais e a natureza.
Nele descobrimos bosques autóctones, principalmente de carvalhais e sardoais que albergam espécies raras ou pouco comuns. Igualmente uma flora que ocorre sobre as rochas ultrabásicas – um tipo de rochas muito raro em Portugal - em que muitas das espécies são exclusivas e, algumas delas, em todo o mundo, apenas aqui podem ser observadas como as relíquias botânicas “arméria-de-bragança” e a aveia-perene-transmontana. Também se podem destacar os cogumelos, numerosas espécies de borboletas raras e exclusivas do nordeste transmontano, importantes cursos de água com oito espécies autóctones de peixes, sendo uma área excecionalmente favorável para a truta-de-rio (Salmo trutta), podendo-se encontrar peixes muito ameaçados como a panjorca. Neste mundo fantástico descobrem-se cerca de 160 espécies de aves, grande parte nidificantes, incluindo espécies raras como a águia-real e a cegonha-preta e 50 espécies de mamíferos, com realce para a preservação do lobo que depende, entre outros fatores, também da manutenção do veado e do corço existentes. O gato-bravo, a lontra e o rato-dos-lameiros, desconhecido no resto do país, são igualmente exímios representantes dos mamíferos ocorrentes (esta informação pode ser complementada em sites como natural.pt).
Em Vilarinho, de tanta beleza, até recentemente (maio de 2019) um Urso Pardo da Cantábria, que há 176 anos se considerou extinto em Portugal, por lá andou a fazer uma visita a um apiário!
Apesar de constituir-se um verdadeiro santuário natural, perdeu essa relação filial ficando sob a alçada de uma “madrasta” que tem feito perder esse espírito inicial, essa simbiose quase perfeita.
Refiro-me a burocracia e a tantas leis e ordenamentos jurídicos por vezes tão incompreensíveis e injustos. Um exemplo paradigmático foram as sucessivas dificuldades e obstáculos colocados para se poder construir uma barragem essencial como a de Veiguinhas, que nos livra da rutura de fornecimento de água como a que ocorreu em 2011. Outros exemplos, a aplicação de coimas, como a que foi aplicada ao Município de Bragança pelo arranjo de um caminho rural ou às pessoas, quando estas não procedem à limpeza dos terrenos. Só que o período em que a limpeza dos terrenos é permitida, no inverno, as condições atmosféricas raramente o permitem fazer e, na primavera, altura ideal para as realizar, ninguém o pode fazer porque o corte não está autorizado por ser a altura de “construir ninhos”.
Contudo, o que mais recentemente o ameaça são as “irmãs malvadas” da ganância e do dinheiro, consubstanciadas na pretensão de exploração mineira de estanho e volfrâmio, a céu aberto, em Pedralba de la Praderia e Requejo (Espanha), no projeto mineiro Valtreixal sob a égide da empresa canadiana Almonthy.
Numa área de cerca de 247 hectares, que dista poucos quilómetros da fronteira portuguesa, nomeadamente das aldeias de Portelo e Aveleda, o projeto prevê fazer explodir 1,7 mil toneladas de dinamite durante 19 anos. Não é preciso muito para aquilatar as consequências!
Talvez a ação tipo “Fada-madrinha” dos Municípios de Bragança e Vinhais, que vão também participar na gestão técnica e financeira do PNM, conjuntamente com o Fundo Ambiental e o ICNF, do IPB, das Juntas de Freguesia, das Associações como a RIONOR, UIVO, Stop Mina Sanábria, ou a intervenção de pessoas como os ambientalistas Carlos Aguiar e António Sá ajudem a contrariar estas ameaças.
A finalidade é que se possa viver feliz com o “príncipe perfeito” que é a dignidade de todos os seres viverem em harmonia neste território - Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica! e a entrega desta magnifica herança, intata e preservada, às próximas gerações.
De todas e de todos nós, como transmontanos e como cidadãos, também depende. Como diz Khalil Gibran “o desejo é a metade da vida: a indiferença é a metade da morte”.
O PNM é descendente de um rico e excelso território de montanha e mancha verde, com cerca de 75 mil hectares de grande beleza, biodiversidade e riqueza.
Foram os seus habitantes, ao longo de séculos que o criaram, antes de qualquer instituição legal como área protegida, e habituaram-se a cuidar dele e a preservá-lo, numa vivência saudável e respeitadora com os animais e a natureza.
Nele descobrimos bosques autóctones, principalmente de carvalhais e sardoais que albergam espécies raras ou pouco comuns. Igualmente uma flora que ocorre sobre as rochas ultrabásicas – um tipo de rochas muito raro em Portugal - em que muitas das espécies são exclusivas e, algumas delas, em todo o mundo, apenas aqui podem ser observadas como as relíquias botânicas “arméria-de-bragança” e a aveia-perene-transmontana. Também se podem destacar os cogumelos, numerosas espécies de borboletas raras e exclusivas do nordeste transmontano, importantes cursos de água com oito espécies autóctones de peixes, sendo uma área excecionalmente favorável para a truta-de-rio (Salmo trutta), podendo-se encontrar peixes muito ameaçados como a panjorca. Neste mundo fantástico descobrem-se cerca de 160 espécies de aves, grande parte nidificantes, incluindo espécies raras como a águia-real e a cegonha-preta e 50 espécies de mamíferos, com realce para a preservação do lobo que depende, entre outros fatores, também da manutenção do veado e do corço existentes. O gato-bravo, a lontra e o rato-dos-lameiros, desconhecido no resto do país, são igualmente exímios representantes dos mamíferos ocorrentes (esta informação pode ser complementada em sites como natural.pt).
Em Vilarinho, de tanta beleza, até recentemente (maio de 2019) um Urso Pardo da Cantábria, que há 176 anos se considerou extinto em Portugal, por lá andou a fazer uma visita a um apiário!
Apesar de constituir-se um verdadeiro santuário natural, perdeu essa relação filial ficando sob a alçada de uma “madrasta” que tem feito perder esse espírito inicial, essa simbiose quase perfeita.
Refiro-me a burocracia e a tantas leis e ordenamentos jurídicos por vezes tão incompreensíveis e injustos. Um exemplo paradigmático foram as sucessivas dificuldades e obstáculos colocados para se poder construir uma barragem essencial como a de Veiguinhas, que nos livra da rutura de fornecimento de água como a que ocorreu em 2011. Outros exemplos, a aplicação de coimas, como a que foi aplicada ao Município de Bragança pelo arranjo de um caminho rural ou às pessoas, quando estas não procedem à limpeza dos terrenos. Só que o período em que a limpeza dos terrenos é permitida, no inverno, as condições atmosféricas raramente o permitem fazer e, na primavera, altura ideal para as realizar, ninguém o pode fazer porque o corte não está autorizado por ser a altura de “construir ninhos”.
Contudo, o que mais recentemente o ameaça são as “irmãs malvadas” da ganância e do dinheiro, consubstanciadas na pretensão de exploração mineira de estanho e volfrâmio, a céu aberto, em Pedralba de la Praderia e Requejo (Espanha), no projeto mineiro Valtreixal sob a égide da empresa canadiana Almonthy.
Numa área de cerca de 247 hectares, que dista poucos quilómetros da fronteira portuguesa, nomeadamente das aldeias de Portelo e Aveleda, o projeto prevê fazer explodir 1,7 mil toneladas de dinamite durante 19 anos. Não é preciso muito para aquilatar as consequências!
Talvez a ação tipo “Fada-madrinha” dos Municípios de Bragança e Vinhais, que vão também participar na gestão técnica e financeira do PNM, conjuntamente com o Fundo Ambiental e o ICNF, do IPB, das Juntas de Freguesia, das Associações como a RIONOR, UIVO, Stop Mina Sanábria, ou a intervenção de pessoas como os ambientalistas Carlos Aguiar e António Sá ajudem a contrariar estas ameaças.
A finalidade é que se possa viver feliz com o “príncipe perfeito” que é a dignidade de todos os seres viverem em harmonia neste território - Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica! e a entrega desta magnifica herança, intata e preservada, às próximas gerações.
De todas e de todos nós, como transmontanos e como cidadãos, também depende. Como diz Khalil Gibran “o desejo é a metade da vida: a indiferença é a metade da morte”.
Jorge Novo
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