Foi então que percebi, tinha criado uma família! Sim, uma família autêntica com tias, tios, primas e primos. Uma família que sofre com quem sofre, que chora com quem chora, que ri com quem ri, que a Deus agradece a cada manhã por nos ter deixado acordar, por nos dar o dom da vida um dia mais.
E foi assim que, durante 32 anos, a amizade não teve barreiras. Piquenicões, excursões, festas e convívios não mais tiveram fim.
Sim, é difícil viver, mas é muito bom conviver.
Percebi então, que eu era a alegria de tantos e tantos velhinhos, que eu lhes quebrava a solidão, que reflectiam em mim a imagem dos filhos emigrantes, dos filhos ausentes. E é por isso que muitas vezes, mesmo indisposto ou até doente, eu NICOLAU me desdobro em eu TIO JOÃO, lutando incessantemente em prol da amizade, da união e do amor. É incrível, mas é verdade. Eu vejo-me sair de mim próprio todas as manhãs e surpreendo-me.
Faço tudo para fazer os outros felizes, porque o mais feliz dos felizes é o que faz os outros felizes. Mas afinal, como é que um programa de rádio aguenta tantos anos no ar? Porque da rádio fizemos Família! Não falamos com a boca. Não escutamos com os ouvidos. Falamos e escutamos com o coração! Diz o povo, quem vê caras não vê corações; nós não vemos as caras, mas sentimos os corações! Durante 32 anos vivemos diariamente um dia novo. Começamos o dia a animar o nosso povo. É magnífico saber que as pessoas nos escutam nas partes mais íntimas de cada casa: no quarto, às 6 da manhã, lá inicio o dia em cima de muitas mesas de cabeceira ou debaixo da almofada.
Há quem me acuse de ser um bom psicólogo de mesinha de cabeceira.
Enquanto houver gente de bom coração, haverá sempre família do tio João. Nós temos tudo na família. Só nos falta você! Apresente-se!
Os dias sucedem-se e já estamos no décimo primeiro mês do calendário, o mês das almas, das castanhas e dos magustos. Novembro principiou com o Dia de Todos os Santos e ainda há localidades que mantêm viva a tradição de ir à lenha e fazer uma grande fogueira no meio da povoação. Cada habitante leva o que bem entende e partilha com todos, ao mesmo tempo que o sino toca e se reza pelas almas. Também faz parte desta tradição o leilão de lenha, revertendo o dinheiro para mandar rezar missas por todas as almas das pessoas da aldeia já falecidas. Este ano, para meu espanto, foram dezenas os emigrantes que vieram para participar nestas tradições.
No passado fim de semana, realizou-se, a VI edição da Feira da Castanha e dos Produtos da Terra de Avelanoso, no concelho de Vimiosos. Confesso que já tinha saudades de promover estes eventos em direto com o especial Domingão, pois estivemos muitos meses privados destas iniciativas. Este evento foi animado por grupos de gaiteiros, pauliteiros, seis lutas de touros de raça mirandesa, e o grupo musical kalhambeke. Esta é a maneira encontrada pela junta de freguesia para promover a castanha e os produtos das terras de Avelanoso.
Como todos já sentimos fome de festas, pois já há dois anos que estávamos em jejum. No próximo domingo realiza-se mais uma vez o magustão da família do tio João, em Vinhais, na Rural Castanea, XVI Festa da Castanha, de 5 a 7 de Novembro. Estão todos convidados para fazermos o magusto no maior assador de castanhas do mundo.
Nestes dias tem marcado presença a chuva, mas o povo diz “Novembro à porta, geada na horta”.
Estamos a adaptar-nos ao horário de Inverno, agora as noites vão ser cada vez mais longas.
Nos últimos dias estiveram de parabéns, Filipa Mendes (32) Lagoas (Valpaços) que por coincidência nasceu no mesmo dia que começámos o programa. Amélia Teixeira (87) Seixo de Ansiães (Vila Flor); Manuel Pedro Afonso (78) Fresulfe (Vinhais); Albina Teixeira (77) Carrazedo de Montenegro; Artur Fernandes (66) Quadra (Vinhais); Eugénia Moreira (53) Oleirinhos (Bragança); Maria Luisa (46) e seu irmão, João Luís (44) São Julião(Bragança); Gorete Fidalgo (44) Paradinha de Outeiro (Bragança); Filipe Domingues (27) Caçarelhos (Vimioso); Ana João (20) Genísio (Miranda do Douro).
Para todos muita saúde e que coza sempre o forno.
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