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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Aposentações deixam utentes do distrito de Bragança sem médico de família

 A aposentação de vários médicos de família está a deixar sem assistência os utentes do distrito de Bragança, que já foi das regiões com maior taxa de cobertura a nível nacional.


Entre os testemunhos que a Lusa recolheu há famílias inteiras que estão sem médico de família e, pelo menos, seis clínicos da chamada Medicina Geral e Familiar aposentaram-se nos últimos meses.

O distrito de Bragança tem sido apontado a nível nacional como uma das regiões com uma taxa de cobertura de médico de família quase total, porém, há vários anos que surgem alertas devido à idade dos clínicos.

O último foi do bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que antecipava, em 2020, um número de saídas que poderia chegar aos 40% em três anos.

A Lusa pediu há várias semanas dados sobre o número de aposentações, substituições e utentes sem médico de família à Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste, que não respondeu até à data.

A região tem 14 centros de saúde e um número de utentes que ronda os 137 mil, segundo os dados oficiais.

Em 2020, a ULS do Nordeste indicava que tinha ao serviço “143 médicos de Medicina Geral e Familiar, 92 dos quais no quadro, 25 prestadores de serviços e 26 internos”.

Com estes números, a média de utentes por médico rondaria os mil, mas, de acordo com os testemunhos recolhidos pela Lusa, são os que tinham maior número de utentes que estão a aposentar-se, o que indica que há alguns milhares de pessoas sem médico de família atualmente.

Os que estão a ir embora são sobretudo os médicos que ajudaram a instalar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) no Nordeste Transmontano, uma região envelhecida, onde os cuidados de saúde são uma preocupação constante.

Esta é a realidade de Ana Paula Esteves, que tem os “pais idosos e com problemas de saúde” e que “ficaram sem médica de família”. Vivem em Bragança e a mãe tem 82 anos e o pai com 76 anos tem um problema oncológico.

Os pais são também a maior preocupação de Paulo Afonso, que, junto com toda a família, ficou há dois meses sem a médica que o acompanhava desde o nascimento.

“A situação é grave e mais aqui com gente idosa. O que poderei precisar senão de um médico para a minha família, com os meus pais velhinhos. Resta-nos andar a pedir a este e aquele no centro de saúde a receita porque os comprimidos acabaram”, contou à Lusa.

Paulo Afonso diz que para o conseguir “parece tudo por favor” e que, embora digam “oficialmente que ninguém fica sem ser atendido”, o que se observa é que “é tudo ao monte à espera” no centro de saúde de Bragança onde tinha o médico de família.

Na família de Andreia Mendes, também em Bragança, sete pessoas estão sem médico desde fevereiro e, segundo disse à Lusa, “o pior é que se for ao centro de saúde marcar exames ou consulta nunca se sabe qual é o médico que vai calhar e se está ou não bem-disposto”.

Teresa Almeida teve a última consulta “há mais ou menos um ano” com a médica que, entretanto, se reformou e não consegue fazer os exames de que necessita.

“Eu tenho muitos problemas de saúde, preciso de fazer exames médicos e não tenho a quem os pedir. Já me informei e a consulta aberta só se estiver doente, mas nada de análises ou exames”, contou à Lusa.

Outros utentes, como Manuel Afonso, ficaram sem médico em 2021. Foi-lhe atribuído um profissional que esteve apenas entre junho e dezembro ao serviço, em Bragança, e depois foi embora para outro cargo na região.

A situação de Cristina Alves é a mesma e nem chegou a conhecer o clínico que substituiu aquele que sempre a acompanhou.

O problema, como disse à Lusa, é que precisa de um atestado médico “para ajudar a mãe com a irmã”, que enfrenta uma doença oncológica, e não tem quem lhe passe a baixa.

Em Macedo de Cavaleiros, Carlos Areosa ficou sem a médica que tinha há 30 anos e foi-lhe atribuído outro que “nem aqueceu o lugar”.

Há três meses teve conhecimento de que já tem outro médico de família e foi pedir a receita da medicação que toma habitualmente. Marcaram-lhe consulta presencial que, segundo contou, “já foi adiada duas vezes”.

Agostinha Freitas esteve “pouco tempo” sem médica de família, mas marcaram-lhe uma consulta para agosto que já sabe que não vai ter, porque a nova clínica vai entrar de licença de maternidade.

O que não consegue entender é o que considera ser “a descoordenação enorme por parte do pessoal administrativo”.

“A minha filha tinha uma consulta, a médica estava de férias e ninguém a avisou. O meu marido precisava de uma consulta de recurso, mandaram-no ir às 07:30 para apanhar vez e a médica só estava à tarde”, concretizou Agostinha Freitas.

Também Carla Sobreda se queixou à Lusa de que tem visto serem adiadas “consultas atrás consultas” depois de ter sido substituída, em Bragança, a médica de família que a viu nascer e às filhas.

A filha de sete meses é a preocupação de Sandra Bento que diz que vai ser a próxima a ficar sem médico de família, numa fase em que a bebé necessita de “consultas periódicas para vacinação e monitorização dos parâmetros de crescimento”, como o peso e altura.

Helena Fidalgo, da agência Lusa

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