Muitas das escolas portuguesas contribuem para a marginalização dos alunos que muitas vezes dita a sua exclusão do processo educativo, em vez de assumirem um papel ativo que proporcione a inclusão dos estudantes.
Esta é a conclusão a que chegou uma equipa liderada por Joaquim Azevedo que analisou vários processos individuais de alunos que abandonaram o ensino. “Desde o primeiro ano de escolaridade, a escola vai tomando pequenas decisões que se vão acumulando e que se baseiam em identificar e listar as incapacidades, as falhas e os défices dos alunos e isso ao longo dos anos vai-se tornando numa profecia que depois acaba por se cumprir e os alunos acumulam reprovações e abandonam as escolas”, adianta o professor catedrático da Universidade Católica.
“Este trabalho que temos realizado com alunos que já abandonaram as escolas, torna claro que se apostarmos nas capacidades dos alunos, eles promovem-se, desenvolvem-se e progridem com qualquer outro”, acrescenta.
Para Joaquim Azevedo, a escola coloca-se à margem, culpabilizando as famílias e os alunos. “Coloca-se num ângulo morto e nunca é um problema da escola, mas é sempre culpa dos alunos que não se empenham, não estudam, e a escola, em vez de se coloca nessa equação, fica de fora e continua a fazer tudo da mesma maneira”, afirma.
Joaquim Azevedo entende que os alunos com dificuldades na aprendizagem ou com comportamentos que não são adequados, também acabam por não ser ajudados pela escola. “O aluno nunca é envolvido como um cidadão, como sujeito, é sempre tratado daquela maneira”.
Mas então, o que deve a escola fazer para mudar este paradigma? Joaquim Azevedo sugere: “Pensar bem quais são os gestos, os comportamentos, as atitudes que a escola tem que estão a contribuir para marginalizar e humilhar o aluno e depois colocar em prática medidas muito concretas, como linhas vermelhas e linhas verdes, listar capacidades e continuar a trabalhar os alunos em tornos das suas capacidades, tem de ser esse o caminho”, diz
Joaquim Azevedo que, em breve, vai apresentar os resultados de uma análise pormenorizada a dezenas de processos individuais que as escolas promoveram a alunos que viriam a abandonar o processo educativo.
Este foi um dos alertas deixados no Congresso Internacional sobre a Educação, Inclusão e Diversidade que terminou, em Mirandela, no passado sábado, e que juntou, durante três dias, cerca de 250 participantes e cujas conclusões serão agora vertidas no site oficial da Intervenção – Associação Para a Promoção e Divulgação Cultural – que organizou a iniciativa.
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