“Depois de breves referências ao modo como o passeio ia decorrer, o pelotão saiu da Escola Básica e Secundária Miguel Torga em direção à rua Abílio Beça, onde, no local em que existiu o último posto de polícia sinaleiro da cidade de Bragança, se falou de urbanismo e de meios de comunicação, numa aula ministrada por um aluno e uma docente da disciplina de Geografia. A paragem seguinte foi o Centro da Memória, no largo do Forte de São João de Deus, onde um oficial do Exército descreveu a forma como a cidade cresceu à volta das estruturas militares que existiram ao longo da história de Bragança. Mais umas pedaladas até à aldeia de Castro de Avelãs, local onde os docentes de História desvendaram pormenores acerca do mosteiro. Ainda nesta localidade, a diretora do Centro Ciência Viva de Bragança (CCVB) conversou com os alunos sobre Património Hidrográfico, nomeadamente sobre a qualidade da água do Rio Fervença, em Castro de Avelãs. Divulgou ainda o SmartRiver, uma rede de sensores instalada em quatro pontos do rio (de montante a jusante), que determinam parâmetros físico-químicos da água.
Outros aspetos relacionados com o referido rio, com a água e com a sustentabilidade do planeta, não foram esquecidos, ou não estivéssemos em “vésperas do Dia da Terra”. Mais uns quilómetros até à aldeia de Nogueira, onde um lanche oferecido pela Junta de Freguesia deu novo fôlego ao grupo. Ainda em Nogueira, ocorreu a visita a uma padaria para ver como se faz uma fornada de pão, aprendizagem enquadrada na disciplina de Biologia. Antes de regressar ao Agrupamento, por volta das 14 horas, e para terminar em festa, os estudantes tiveram tempo e força para acompanhar o artista Ghost, numa dança que aconteceu no Polis, junto ao espaço Gau.artistic.hub. Esta atividade faz parte do Projeto Cultural do Agrupamento (PCE), que tem como grande objetivo mobilizar as artes na escola como recurso para as diferentes disciplinas, evidenciado a sua dinâmica transdisciplinar, para que não fiquem circunscritas às disciplinas artísticas”, explicou José Domingues, coordenador do Plano Nacional das Artes do Agrupamento Miguel Torga e mentor da atividade.
A valorização do património material e imaterial local são os temas escolhidos, no Agrupamento para este ano letivo. O PCE do Agrupamento Miguel Torga integra o Plano Nacional das Artes (PNA), que agrega mais de duas centenas de agrupamentos espalhados pelo país e tem como “missão” promover a transformação social, mobilizando o poder educativo das artes e do património na vida dos cidadãos: para todos e cada um.
No distrito de Bragança, são três os agrupamentos que pertencem a esta estrutura. Para José Domingues, coordenador do PNA no Agrupamento Miguel Torga, esta “nova forma de encarar as aprendizagens está a superar as expetativas, pois as artes são um instrumento fundamental em todo o processo de aprendizagem mas, de modo especial, na recuperação e mitigação dos efeitos da pandemia, são geradoras de bem-estar emocional, são veículo de estimulação da criatividade e um instrumento para o desenvolvimento das diferentes áreas de competência”, sublinhou.
“Como vimos hoje, quando falamos em arte estamos a falar de literatura, de história, de filosofia, de biologia, de música, de escultura, de artesanato, etc. Unir a bicicleta à arte surge como uma atividade a desenvolver, pois o Plano para a Recuperação das Aprendizagens aponta para o desporto sobre rodas, algo que tem sido esquecido nas escolas. Assim, consideramos que seria interessante utilizar esta atividade física para descobrir a arte e o património do concelho, criando uma dinâmica que motivasse os alunos à prática desta atividade física”, destacou ainda o mesmo responsável.
Esta iniciativa contou com seis atividades desde o início do ano, “todas diferentes”, que englobou alunos desde o quinto ano (segundo ciclo) ao 12.º (secundário).
Por isso, José Domingues fez um balanço “amplamente positivo”, revelando que o objetivo “é replicar a iniciativa no próximo ano letivo, ainda que possa ter uns moldes ligeiramente diferentes”.
“Em princípio é para repetir, até porque representa uma rutura com os métodos tradicionais e serve para captar o interesse dos alunos pelo património. É uma forma de democratizar a cultura”, explicou.
José Domingues defende mesmo ser “importante que existisse em todas as escolas”, apesar de, este ano, ter sido um projeto pioneiro a nível nacional, não havendo notícia de outra escola ter este tipo de abordagem às disciplinas em todo o país.
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