Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Descansem que não vou abordar o conhecido político céptico, que nos anos quentes, após a Revolução de Abril, defendeu o direito dos crentes manifestarem a sua fé publicamente; e, após a morte, permaneceu em câmara ardente, no salão paroquial da sua localidade.
Mas o ternuroso caso do antigo abade da Santa Marinha (Gaia), Dr. António D'Azevedo Maia, natural de Modivas (Vila do Conde).
Frequentou, de pequeno, o curso liceal, em Felgueiras e Guimarães, matriculando-se em Teologia na Universidade de Coimbra.
Concluído o ensino superior, foi docente do Colégio S. Dâmaso, em Guimarães.
Por essa ocasião dirigiu-se a Leça, no propósito de falar com o Cardeal D. Américo, solicitando residir fora da diocese: " porque pretendia exercer num meio mais consoante ao seu temperamento, e não ficar na ociosidade, como acontece de ordinário aos padres da província." - Palavras quase textuais.
Ficou surpreso o Cardeal com o singular pedido, embora compreendesse que a Igreja precisasse de sacerdotes para o ensino, com a sua capacidade intelectual.
Todavia lembrou-lhe que o vigário de Modivas encontrava-se enfermo, precisando de coadjutor.
Azevedo Maia aceitou boamente o pedido, e permaneceu aí quatro anos, levando vida piedosa e zelo apostólico.
Sabedor do comportamento exemplar do sacerdote, e da sua cultura. D. António, Bispo do Porto, resolveu em dezembro de 1901, indigitá-lo para abade de Santa Marinha.
Realizaram-se rijos festejos, na presença de numerosos sacerdotes e fiéis.
Na homilia, o novo abade, versou o dever do padre, como educador e pai espiritual.
O Dr. Azevedo Maia, ofereceu, ainda, na residência paroquial, uma taça de champanhe.
Nesse informal encontro estiveram presentes: o Presidente da Câmara, o Administrador do Concelho, e figuras gradas da Vila, além de clérigos. Francisco Aranha e Caetano de Pinho, enalteceram o elevado saber e prestígio eclesiástico do novo presbítero.
Entretanto foi implantada a República, e as práticas do Dr. Azevedo Maia rechearam-se de palavras desabridas, denunciando os desmandos republicanos.
Não satisfeito com as homilias, no ambão da igreja, discursava ainda., no Círculo Católico Operário e no Salão do Grupo Democrático Cristão e Estudos Sociais de Vila Nova de Gaia, inflamando plateias, com acerbas verrinas, contra inimigos da Igreja e de Cristo.
Foi temido. Taxado de talassa. Julgado, perseguido e ultrajado.
Certa ocasião avisaram-no que o queriam matar. Aflito, lembrou-se de Américo Augusto Ribeiro Gonçalves, farmacêutico estabelecido na rua Direita (Gaia) reconhecido republicano, ateu, anticlerical, e pediu-lhe proteção.
O farmacêutico – movido de compaixão, – recolheu-o na sua residência e quando pressentiu que os ânimos se amainaram, facilitou-lhe a saída, de noite, para a Estação Ferroviária das Devesas.
Correram os meses... Um dia surgiu no hebdomadário gaiense: " A PAZ" – que defendia o trono e o altar, – as " Cartas do Exílio", assinadas pelo Dr. Azevedo Maia.
Escusado é dizer que o jornal se esgotou, procurado pelos paroquianos de Santa Marinha e pelos republicanos e monárquicos da Vila.
É justo recordar o destemido abade, mas mormente, o gesto fraternal do farmacêutico, que o acolheu, salvando-lhe, quiçá, a vida, sendo antagonista - republicano, ateu e anticlerical.
Mas o ternuroso caso do antigo abade da Santa Marinha (Gaia), Dr. António D'Azevedo Maia, natural de Modivas (Vila do Conde).
Frequentou, de pequeno, o curso liceal, em Felgueiras e Guimarães, matriculando-se em Teologia na Universidade de Coimbra.
Concluído o ensino superior, foi docente do Colégio S. Dâmaso, em Guimarães.
Por essa ocasião dirigiu-se a Leça, no propósito de falar com o Cardeal D. Américo, solicitando residir fora da diocese: " porque pretendia exercer num meio mais consoante ao seu temperamento, e não ficar na ociosidade, como acontece de ordinário aos padres da província." - Palavras quase textuais.
Ficou surpreso o Cardeal com o singular pedido, embora compreendesse que a Igreja precisasse de sacerdotes para o ensino, com a sua capacidade intelectual.
Todavia lembrou-lhe que o vigário de Modivas encontrava-se enfermo, precisando de coadjutor.
Azevedo Maia aceitou boamente o pedido, e permaneceu aí quatro anos, levando vida piedosa e zelo apostólico.
Sabedor do comportamento exemplar do sacerdote, e da sua cultura. D. António, Bispo do Porto, resolveu em dezembro de 1901, indigitá-lo para abade de Santa Marinha.
Realizaram-se rijos festejos, na presença de numerosos sacerdotes e fiéis.
Na homilia, o novo abade, versou o dever do padre, como educador e pai espiritual.
O Dr. Azevedo Maia, ofereceu, ainda, na residência paroquial, uma taça de champanhe.
Nesse informal encontro estiveram presentes: o Presidente da Câmara, o Administrador do Concelho, e figuras gradas da Vila, além de clérigos. Francisco Aranha e Caetano de Pinho, enalteceram o elevado saber e prestígio eclesiástico do novo presbítero.
Entretanto foi implantada a República, e as práticas do Dr. Azevedo Maia rechearam-se de palavras desabridas, denunciando os desmandos republicanos.
Não satisfeito com as homilias, no ambão da igreja, discursava ainda., no Círculo Católico Operário e no Salão do Grupo Democrático Cristão e Estudos Sociais de Vila Nova de Gaia, inflamando plateias, com acerbas verrinas, contra inimigos da Igreja e de Cristo.
Foi temido. Taxado de talassa. Julgado, perseguido e ultrajado.
Certa ocasião avisaram-no que o queriam matar. Aflito, lembrou-se de Américo Augusto Ribeiro Gonçalves, farmacêutico estabelecido na rua Direita (Gaia) reconhecido republicano, ateu, anticlerical, e pediu-lhe proteção.
O farmacêutico – movido de compaixão, – recolheu-o na sua residência e quando pressentiu que os ânimos se amainaram, facilitou-lhe a saída, de noite, para a Estação Ferroviária das Devesas.
Correram os meses... Um dia surgiu no hebdomadário gaiense: " A PAZ" – que defendia o trono e o altar, – as " Cartas do Exílio", assinadas pelo Dr. Azevedo Maia.
Escusado é dizer que o jornal se esgotou, procurado pelos paroquianos de Santa Marinha e pelos republicanos e monárquicos da Vila.
É justo recordar o destemido abade, mas mormente, o gesto fraternal do farmacêutico, que o acolheu, salvando-lhe, quiçá, a vida, sendo antagonista - republicano, ateu e anticlerical.
Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".
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