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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Reviver tradições pode ser aposta séria para o turismo da região

 Os eventos que ajudam a reviver algumas das tradições da região, como a segada e a malha, podem ser uma aposta séria para o turismo no concelho de Bragança.


A convicção é do presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, manifestada à margem do Festival de Música e Tradição da Lombada, em Palácios, que no passado fim de semana permitiu recriar a segada manual e a malha tradicional.

“Cada vez mais, os territórios vivem de experiências. E se as freguesias tiverem esta noção, da recriação do ciclo do pão, ou do azeite, por exemplo, seria muito interessante. Esta seria, provavelmente, uma das atividades que, se fosse trabalhada com uma vertente mais turística, teria aqui centenas de pessoas, de outros pontos do país e do estrangeiro.

Se isto fosse devidamente explorado sob o ponto de vista turístico, atrairia muita gente para o nosso território. É importante que o façamos.

Na zona do Douro, por exemplo, há as vindimas. Há muita gente a querer reviver estas experiências e os tempos passados e levar uma experiência que lhes fica para a vida”, frisou Hernâni Dias, já depois de, ele próprio, ter experimentado a segada manual.

A atividade atraiu muitos curiosos, desejosos de saber mais sobre a forma como se viviam estes momentos no campo.

De França vieram os estudantes Dimitri e Vincent.

“É a minha primeira vez aqui. Gosto muito. É bom ver como as coisas eram feitas antigamente. É bom ver todas estas pessoas a fazer este trabalho”, diziam, ao Mensageiro.

As foices eram poucas para tantas mãos, que denunciavam falta de treino. “É o que se pode arranjar. Já não foram habituados. Eu fiz isto toda a vida. Agora já é tudo com máquinas, já ninguém faz nada à mão. Gostar da segada? Que remédio tinha se não gostar. Não havia outro meio de segar, não havia máquinas. Fazia-se tudo com a foice e apanhava-se o cereal com carros para a eira. Aprendi com os meus pais. Era o pão nosso de cada dia, não havia mais nada. Andávamos um mês inteiro a segar. Ainda cheguei a ir para a Espanha. Pagavam melhor do que em Portugal”, recordava Adérito Alves, de 88 anos.

Para a organização, o balanço foi “extremamente positivo”. “Após dois anos de interregno devido à pandemia, recomeçar custa um bocadinho mas temos aqui muita gente a trabalhar, a aprender, a querer reviver o trabalho agrícola da ceifa, que é muito doloso e cansativo, feito quase sempre pela hora do calor, feito de sol a sol. Há aqui jovens curiosos em saber como os nossos antepassados trabalhavam e os sacrifícios que faziam”, dizia Raul Tomé, da organização.

Depois da segada, seguiu-se a ‘toma das dez’, para confortar os estômagos. “Consta de bacalhau frito, porque tem de ser comida de conforto, pão cozido nos nossos fornos, queixo, marmelada, pernil. A merenda é que já leva as fritas e o arroz doce, na eira. Tentamos recriar o que se fazia antigamente. As mulheres levavam a merenda ao campo na burra. Muitas vezes, a mosca espetava-se no focinho da burra, que começava aos pinotes, e lá ia tudo para o meio do chão”, recordou Edite Tomé, responsável por esta parte da tradição.

À tarde foi tempo de fazer a malha tradicional na eira, acompanhada de música dos tocadores. “Há 22 anos que fazemos isto. Havia três gaiteiros na Lombada e hoje temos 30”, anotava Raul Tomé, com orgulho.

António G. Rodrigues

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