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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

COMO CONHECI O PRINCIPEZINHO LOIRO - (Casos curiosos da infância de Dom Duarte de Bragança)

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


Andava eu pelos meus dez anos (seriam onze?) quando conheci o Senhor D. Duarte Pio de Bragança.
Frequentava, o principezinho, o segundo ano, turma A, do Liceu Alexandre Herculano, no Porto: Foi-lhe dado o número: quatro.
Era menino robusto, de tez clara, recatado e retraído; rechonchudinho e coradinho. Um guapo rapaz!
Possuía farta e vistosa cabeleira cor de ouro velho, que o destacava dos restantes, quase todos moreninhos e cabelos cor de ébano.
Sentava-se o nosso principezinho na primeira fila, rente à janela, que abria para o recreio.
Certa ocasião, o príncipe, recebeu de tia, moradora em país de grandes compositores e altas montanhas, cobertas de alvas neves no inverno e de lindas flores silvestres, na primavera, relógio de pulso, cobiçado por muitos.
Estava o mestre a dissertar, quando paira no ar estranho e irritante sussurro. O que seria!?
Estupefacto, interrompe a elucidação, e logo dezenas de curiosos olhinhos espantados, volveram-se para o nosso príncipe.
Ergueu-se o principezinho, e declarou, concisamente:
O relógio era despertador. Inexplicavelmente, sem desejar, começou a soar. - Estava esclarecido o insólito.
Como os principezinhos das histórias de encantar, possuía, também, objetos mirabolantes, e hábitos estranhos. Estranhíssimos!!!...
Não queiram lá saber o que aconteceu em fria manhã de inverno: o menino príncipe, enfia a mão na algibeira e retira papel sedoso, e assoa-se.
O quê!? - Interrogam-se varados os petizes. - Ele limpa o nariz a papéis!?...
O mais afoito investigou o inusitado enigma...
Eram lenços de papel!.... Desconhecidos, em 1956, em Portugal....
Mas, em dia aziago, aconteceu inesperada tragédia:
Dona Delfina – esposa do jurista Lopes Cardoso, – resolveu realizar íntima festinha.
Entre os convidados, contava-se o nosso principezinho. Comeram e beberam leite achocolatado. Depois solicitaram autorização para se retirarem.
O grupinho do príncipe era constituído, pelo Daniel, filho mais novo de Lopes Cardoso (meu informador das peripécias aqui referidas,) João Campos, António Baia e Emanuel Caldeira Figueiredo.
Assentaram, os garotinhos, dar curto passeio de bicicleta. Como os pneus estivessem em baixo, o grupinho, demandaram açodados, à Rua de Camões (Gaia,) em busca da oficina de José Grilo.
Inesperadamente, surdiu, enfurecido cachorro, que embirrou com D. Duarte. Aflito, atarantado, aturdido, refugia-se, encafuando-se numa viatura, com tanta infelicidade, que o vidro da janela estalou em pedacinhos.
E agora? Agora o pai do príncipe, com dignidade, reparou o dano.
Certo dia desapareceu o nosso principezinho...Soube-se que fora para as " Caldinhas".
Passaram-se longas décadas. O diretor do jornal, onde era redator, encarregou-me de elaborar, entre outras entrevistas, curtíssima biografia de D. Duarte.
Nessa ocasião o meu principezinho encontrava-se casado, e era agora o Senhor Duque de Bragança.
Enviou-se-lhe o periódico. Ele e Dona Isabel, dirigiram-me afetuosa missiva e foto autografado, que conservo religiosamente.
Assim terminam as minhas singelas reminiscências do principezinho loiro, que em 1956, estudava num liceu portuense, e brincava, ria e chorava, como qualquer criança portuguesa.
Bons tempos!...

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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