Não sei se os meus Amig@s são como eu na forma como se situam em relação aos agregados urbanos. Eu sigo uma regra que diz “Detesto geralmente as grandes cidades.” Dizer isso equivale a dizer que, ao abominar geralmente as terras grandes, aprecio e valorizo geralmente as terras pequenas, onde me sinto mais à vontade e de algum modo senhor de uma certa tranquilidade que contrasta com a permanente sensação de insegurança que sinto, por exemplo, em Lisboa.
Escrevi um dia, num dos meus livros, estas frases definitivas: «Digamos que gosto da Lisboa de dois, o máximo três dias. Dormir uma terceira noite em Lisboa já começa a pesar-me, a trocar-me as voltas ao sono — e já começo a contar, às voltas com o travesseiro, não os carneiros da praxe, mas os aviões que pela noite fora fazem a sua aproximação ao aeroporto ou, na largada, puxam pelos cavalos todos para tomar altura. E esse é o limite: dormir mais vezes do que isso, é caminho seguro para aborrecer Lisboa.»
Acho que já aqui falei disto, mas ‘quod abundat non nocet’, isto é, usando o vernáculo, ‘por mais não peca’. Estou um pouco como aquele sujeito de Gache (pequena povoação do concelho de Vila Real), que um dia teve de ir a Lisboa fazer não sei o quê. No regresso, os vizinhos sempre quiseram saber quais eram as impressões dele sobre a capital do reino — impressões que ele resumiu lapidarmente nesta frase: “Olhai, rapazes: Lisboa é bonita, mas Gache disse”. O que equivalerá aproximadamente a dizer: Lisboa é bonita, mas não chega aos calcanhares de Gache.
Quando me vem à lembrança a bravata do aldeão, confesso que não sei se hei-de rir ou se me hei-de comover. E acabo por fazer as duas coisas. Rio-me pela desconformidade na avaliação da beleza dos dois termos em confronto, Lisboa e Gache. Comovo-me pela manifestação deste nosso apego bem trasmontano à terra que nos viu nascer.
Agora, querem os meus Amig@s saber? Ao folhear o meu álbum de fotos, deparou-se-me esta de Miranda do Douro e planeava dizer duas larachas sobre essa pequena cidade de que tanto gosto, por ser pequena e por ter um não-sei-quê que me arrebata. E ia embalado nessa direcção, quando o encadeado das ideias me foi alterando a rota e me levou até Gache.
Não faz mal. Gostei de revisitar Gache. E Miranda fica para outro dia.
Escrevi um dia, num dos meus livros, estas frases definitivas: «Digamos que gosto da Lisboa de dois, o máximo três dias. Dormir uma terceira noite em Lisboa já começa a pesar-me, a trocar-me as voltas ao sono — e já começo a contar, às voltas com o travesseiro, não os carneiros da praxe, mas os aviões que pela noite fora fazem a sua aproximação ao aeroporto ou, na largada, puxam pelos cavalos todos para tomar altura. E esse é o limite: dormir mais vezes do que isso, é caminho seguro para aborrecer Lisboa.»
Acho que já aqui falei disto, mas ‘quod abundat non nocet’, isto é, usando o vernáculo, ‘por mais não peca’. Estou um pouco como aquele sujeito de Gache (pequena povoação do concelho de Vila Real), que um dia teve de ir a Lisboa fazer não sei o quê. No regresso, os vizinhos sempre quiseram saber quais eram as impressões dele sobre a capital do reino — impressões que ele resumiu lapidarmente nesta frase: “Olhai, rapazes: Lisboa é bonita, mas Gache disse”. O que equivalerá aproximadamente a dizer: Lisboa é bonita, mas não chega aos calcanhares de Gache.
Quando me vem à lembrança a bravata do aldeão, confesso que não sei se hei-de rir ou se me hei-de comover. E acabo por fazer as duas coisas. Rio-me pela desconformidade na avaliação da beleza dos dois termos em confronto, Lisboa e Gache. Comovo-me pela manifestação deste nosso apego bem trasmontano à terra que nos viu nascer.
Agora, querem os meus Amig@s saber? Ao folhear o meu álbum de fotos, deparou-se-me esta de Miranda do Douro e planeava dizer duas larachas sobre essa pequena cidade de que tanto gosto, por ser pequena e por ter um não-sei-quê que me arrebata. E ia embalado nessa direcção, quando o encadeado das ideias me foi alterando a rota e me levou até Gache.
Não faz mal. Gostei de revisitar Gache. E Miranda fica para outro dia.
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