Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
O que procuras tu, no céu, nestes dias que, às vezes, te parecem muito mais frios por dentro da alma do que por fora do corpo?
A que te referes quando apontas lições sobre o ser interior e profundo de cada um?
Sabes, talvez seja tempo de aprenderes com as crianças. Não com aquelas a quem instruis sobre o amor e depois carregas pela mão à procura do presente mais caro e brilhante, como as cores do pai Natal.
Aprender com as outras crianças. As que ainda não te ouviram dizer tanta coisa e fazê-lo de outra maneira (sempre me soou tão irónico quando um adulto diz, convictamente, a uma criança que é um pecado feio mentir…).
É tempo de aprenderes com as crianças a quem faltam palavras mas, quem sabe por essa razão, lhes sobra em sentimento.
Com as crianças que não precisam de deitar os olhos ao céu para confiarem que os prodígios se fazem na terra. A elas, por aqui, tudo lhes prende o olhar, tudo é sensação. Oferecem a ternura fiel e autêntica, sem ensaios. Aquela que lhes pertence, assim como lhes pertence o amor que sentem pelos que são tão seus.
Pormenores a quem só dá valor quem encontra valor no interior de si mesmo, porque vive cheio de uma matéria invisível aos olhares que andam sempre focados na luz efémera do que está por fora.
Aprender, assim, com as crianças, que sabem da única crença que nos deveria ser permitida.
Acredita, seria como agarrares um tesouro com as mãos, que há tanto tempo só conheces pelo nome de saudade, e guardá-lo como memória futura.
Mas sabes, para isso, precisas de recuperar a humildade perdida no tempo. E não continues a confundir a humildade com a falta de dinheiro, com a pobreza ou com a simpatia envernizada.
A humildade é um sentimento genuíno, cabe dentro de pobres e ricos e faz-se de gestos naturais, porque espontâneos. E intemporais, pois o que é hoje, continua a sê-lo de igual modo amanhã.
A humildade é a oração de todos aqueles que não precisam de rezar. Todos esses que não olham para um Deus, lá em cima, que lhes soa intocável, mas veem Deus tão pequeno que lhes cabe no tamanho do coração.
Esses que são feitos do verbo Amar, que é o princípio de todas as coisas.
Curiosamente, não é quando se mede a distância entre nós e o céu, mas sim quando se observa a distância que vai dos nossos pensamentos e palavras aos nossos atos, que se avalia a dimensão de profundidade e a capacidade de interioridade. O que talvez seja o mesmo que dizer, da consciência efetiva de quem se é enquanto pessoa.
Há movimentos que nos fazem sair para lá de nós. Deslocarmo-nos de nós em direção aos outros. É neles que encontramos a certeza de falar da verdadeira cumplicidade dos abraços.
E se assim fosse de cada vez que olhamos para o céu, não somente no Natal, mas ao longo de muitos anos e de uma vida, não haveria tanto desconcerto entre tudo aquilo que gostaríamos de ser e tudo o que, efetivamente, tantas vezes apenas somos.
A que te referes quando apontas lições sobre o ser interior e profundo de cada um?
Sabes, talvez seja tempo de aprenderes com as crianças. Não com aquelas a quem instruis sobre o amor e depois carregas pela mão à procura do presente mais caro e brilhante, como as cores do pai Natal.
Aprender com as outras crianças. As que ainda não te ouviram dizer tanta coisa e fazê-lo de outra maneira (sempre me soou tão irónico quando um adulto diz, convictamente, a uma criança que é um pecado feio mentir…).
É tempo de aprenderes com as crianças a quem faltam palavras mas, quem sabe por essa razão, lhes sobra em sentimento.
Com as crianças que não precisam de deitar os olhos ao céu para confiarem que os prodígios se fazem na terra. A elas, por aqui, tudo lhes prende o olhar, tudo é sensação. Oferecem a ternura fiel e autêntica, sem ensaios. Aquela que lhes pertence, assim como lhes pertence o amor que sentem pelos que são tão seus.
Pormenores a quem só dá valor quem encontra valor no interior de si mesmo, porque vive cheio de uma matéria invisível aos olhares que andam sempre focados na luz efémera do que está por fora.
Aprender, assim, com as crianças, que sabem da única crença que nos deveria ser permitida.
Acredita, seria como agarrares um tesouro com as mãos, que há tanto tempo só conheces pelo nome de saudade, e guardá-lo como memória futura.
Mas sabes, para isso, precisas de recuperar a humildade perdida no tempo. E não continues a confundir a humildade com a falta de dinheiro, com a pobreza ou com a simpatia envernizada.
A humildade é um sentimento genuíno, cabe dentro de pobres e ricos e faz-se de gestos naturais, porque espontâneos. E intemporais, pois o que é hoje, continua a sê-lo de igual modo amanhã.
A humildade é a oração de todos aqueles que não precisam de rezar. Todos esses que não olham para um Deus, lá em cima, que lhes soa intocável, mas veem Deus tão pequeno que lhes cabe no tamanho do coração.
Esses que são feitos do verbo Amar, que é o princípio de todas as coisas.
Curiosamente, não é quando se mede a distância entre nós e o céu, mas sim quando se observa a distância que vai dos nossos pensamentos e palavras aos nossos atos, que se avalia a dimensão de profundidade e a capacidade de interioridade. O que talvez seja o mesmo que dizer, da consciência efetiva de quem se é enquanto pessoa.
Há movimentos que nos fazem sair para lá de nós. Deslocarmo-nos de nós em direção aos outros. É neles que encontramos a certeza de falar da verdadeira cumplicidade dos abraços.
E se assim fosse de cada vez que olhamos para o céu, não somente no Natal, mas ao longo de muitos anos e de uma vida, não haveria tanto desconcerto entre tudo aquilo que gostaríamos de ser e tudo o que, efetivamente, tantas vezes apenas somos.
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