A comemoração aconteceu ontem e decorre ainda hoje e é organizada pelos jovens rapazes solteiros da aldeia. Esta festividade é marcada por uma “crítica social” que é até muitas vezes encenada.
“Acontece, por exemplo, aproveitando a saída da missa de Natal e nesse momento o largo mais próximo da Igreja é onde o povo se reúne para ouvir essas ditas críticas. São vários factos que são relatados, em verso, em quadros e alguns deles são representados como uma espécie de teatro de rua. Tudo isto para mostrar, ridicularizar e divertir o povo. Inclusivamente os próprios visados na crítica estão presentes ali e não levam a mal, eles próprios se riem”, explicou António Tiza, especialista em rituais de inverno e mascarados.
Depois deste ritual, segue-se a visita dos mordomos da festa, que são os jovens rapazes solteiros, dos caretos e dos gaiteiros a todas as casas da aldeia.
“As famílias ao receberem os mordomos da festa, os caretos e a música da gaita-de-foles sentem-se dignificados, valorizados e homenageados com este gesto que é muito interessante. Significa para eles que pertencem à comunidade e são respeitados”, disse.
E claro, os Caretos também são os reis da animação nestes dias.
“Executam um conjunto enorme de brincadeiras, como é o caso de mergulharem no rio, com a água gelada, ou no tanque da aldeia e o povo assiste. Depois metem-se com os forasteiros, que aparecem de carro, fazem-nos parar e estabelecem ali um diálogo humorístico e no final pedem um donativo para a festa”, referiu.
Mesmo estando numa região desertificada, a festa consegue fazer-se por jovens rapazes solteiros que são da terra, mas que estão no estrangeiro ou noutros pontos de Portugal e vêm para Varge nesta época do ano para não deixar que a tradição morra.
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