As atividades começaram no dia de Natal e terminaram ontem, dia de Santo Estevão, com a tradicional arrematação do “charolo”, que é composto pela típica rosca doce, pelas bolas, doces e até um cordeiro entra no conjunto. O dinheiro angariado serve para a realização da festa do próximo ano.
A dinamização ficou a cargo da Associação Núcleo de Costumes e Tradições das Arcas, que este ano decidiu reintroduzir algumas práticas que se foram perdendo ao longo dos anos, como explica Nelson Peixeiro, da associação:
“Fizemos uma queimada e a ronda pelas casas, o que não se costumava fazer.
Todas as pessoas abriram a porta e as adegas. Os caretos desejaram boas-festas às pessoas.
O grupo de caretos atual tem sete elementos e gostaríamos que mais pessoas da aldeia se juntassem, pois o objetivo não é receber mascarados de fora.”
Também conhecidas como As Festas dos Rapazes, as comemorações de Santo Estevão na aldeia de Arcas voltaram a incluir as “galhofas”, sobre as quais conta mais José Jecas, presidente da Junta de Freguesia, que apoiou a organização:
“São lutas em que os caretos são desafiados pelos populares, por vezes mais forte que o careto, para o deitar ao chão, na brincadeira. Era uma tradição que já se tinha perdido.
Muita gente visitou a aldeia para ver as Festas de Santo Estevão e este novo formato, que iniciou este ano, surpreendeu-nos bastante.”
Tradições que agradam a quem delas participa e que, por isso, devem ser mantidas:
“Cada vez a aldeia de Arcas está a evoluir um pouco mais e as pessoas a colaborarem umas com as outras, o que é impressionante.
Já antes o era mas este ano ainda foi mais. Em 2021 tivemos umas sete adegas e este ano demos a volta à aldeia toda.”
“Eu casei aqui e na véspera do meu casamento houve esta festa.
É bom porque as pessoas convivem e por vezes há pessoas doentes, que vivem sozinhas, e estas visitas são importantes.”
“Tenho vindo nesta altura.
Não conhecia a tradição desta forma, é novo para nós, mas é muito giro. Atrai muita gente simpática, com bom convívio e um bom almoço.”
Além dos caretos, a rosca é outro dos elementos importantes desta festa.
Honorina Silva, nascida e criada nas Arcas, tem sido a responsável pela sua confeção nos últimos quatro anos e conta que a iguaria é hoje diferente do que se fazia antigamente:
“Antigamente não era doce.
O formato era o mesmo mas só levava a massa do pão e um ovo por cima. Mais tarde é que se tornou doce.
Fui eu que as fiz todas, mais de 100.
O básico são os ovos, farinha, fermento e o ovo por cima.
O forno é a lenha e com giestas verdes.”
O objetivo é que, no futuro, a rosca das Arcas seja certificada e até já foram dados alguns passos nesse sentido, refere Nelson Peixeiro:
“Tentar criar a marca “Rosca das Arcas” que é um pão doce, para que vá além-fronteiras.
Queremos certificá-la e já demos alguns passos. O ano passado fizemos uma oficina na qual reunimos 10 raparigas que fizeram uma formação para aprender a fazer a rosca.
É um processo que está em andamento.”
Durante a pandemia, a tradição não parou. Na impossibilidade de se realizar a arrematação das roscas, a organização entregou-a em casa das pessoas, gratuitamente.
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