Localizado no coração da Terra Quente Transmontana, o concelho apresenta uma área de cerca de 270 quilómetros quadrados e reza a lenda que se denominava "Póvoa d'Além Sabor", tendo sido baptizado pelo rei D. Dinis, em 1286, numa passagem pela região. Foi também este rei que, volvidos uns anos, em 1295, mandou erguer uma muralha em redor do burgo, com cinco portas, das quais actualmente existe apenas uma, o chamado Arco de D. Dinis. Vila Flor cresceu, em termos de agricultura, comércio, indústria de curtumes e ourivesaria, na Idade Média, fruto de ter acolhido famílias judaicas fugidas às perseguições europeias. Estas famílias acabaram por ser expulsas, já no século XVI, por D. Manuel I, que atribuiu um novo foral a Vila Flor. Assim, hoje em dia restam apenas alguns vestígios desta passagem, nomeadamente ruínas de habitações e pedras da calçada. Este concelho caracteriza- -se pela actividade agrícola fértil, já que se localiza no tão único Vale da Vilariça, mas acolhe, a nível empresarial, importantes empresas, como a Sousacamp e a Águas Frize. Riqueza histórica, património, agricultura... e cultura! É mesmo por aqui que começamos, não fosse esta a terra da pintora Graça Morais.
Graça Morais, uma filha da terra que desde criança sonhou ser pintora
Maria da Graça Pinto de Almeida Morais. É este o nome de uma das artistas mais reconhecidas a nível nacional e também fora de portas. A pintora nasceu no concelho de Vila Flor, no Vieiro, corria o ano de 1948. É impossível falar desta terra e não nos vir, quase de imediato, o nome da artista ao pensamento. É nossa, é transmontana. "Nasci no Vieiro. Depois fui com a minha mãe, entre os 7 e os 9 anos, para África, onde o meu pai estava. Entretanto voltei, andei no colégio de Vila Flor e, depois, fui para Bragança e de Bragança para as Belas Artes, para o Porto", relembrou a pintora. Mas calma. A versão resumida é esta, é um facto. Contudo, o que não falta é o que contar. Com apenas 9 anos Graça Morais já dizia à mãe que queria ser pintora. Apesar do alerta da progenitora, que, "muito aflita", disse que não podia ir para pintura porque "os pintores morrem de fome", a artista não negou o que estava traçado. "Foi com uma grande teimosia que fui para as Belas Artes. Mas também com uma grande necessidade de aprender", frisou sobre esta importância que é o compreender o dom, mas depois aprimorar a arte. E está certa de que foi, além do talento, essa aprendizagem que lhe deu um "lugar de destaque" no país e fora dele. "Já em pequena os professores diziam 'A Gracinha tem muita habilidade'. Mas a habilidade não chega. Tem que se trabalhar sempre", afirmou, dizendo que "o trabalho do artista só atinge uma grande importância quando ele se entrega totalmente" e que os momentos mais felizes que tem são aqueles em que está no atelier a criar. Guardando um "tesouro", que são as memórias da aldeia, da "grande relação" com a terra, com a família e com a comunidade, que lhe têm dado "força para aguentar a felicidade que é viver" e, claro, as amarguras e coisas menos boas que a jornada traz, Graça Morais não nasceu artista, mas tornou-se. "Em criança, na escola, gostava muito de desenhar, sobretudo cerejinhas e de as pintar com os lápis de cor. Desde pequenina, não tenho bem consciência, mas sempre gostei de desenhar", contou a pintora. Conforme ia crescendo também o interesse pelo mundo das artes aumentava. É o que sempre acontece com os grandes feitos. Começamos devagar, com praticamente nada, mas o caminho vai-nos tornando os heróis da nossa história, com o que lhe vamos acrescentando, aos poucos. "Quando fui estudar para o colégio de Vila Flor ia muitas vezes ver o pequeno museu da vila, o Berta Cabral. Olhava para os quadros, normalmente figuras da terra, e punha-me a sonhar 'gostava tanto de pintar com estas pessoas pintaram'", esclareceu, assumindo que este foi o "primeiro encontro com as artes". Claro que nem todos seguimos o caminho das artes, mas não há ninguém que não possa sonhar e Graça Morais considera que é esta a missão e o grande papel destes museus e espaços, tal como o centro de arte contemporânea a que dá nome, na cidade de Bragança. Ver. Sentir. Sonhar. Encontrar- -nos a nós e ao mundo. Viajar pela mente. "O encontro com a arte é muito importante para a felicidade das pessoas", vincou a transmontana. Dona de uma obra que "não se explica", Graça Morais apresenta uma "pintura complexa", mas que, ao mesmo tempo, "tem um fio condutor". "Há uma relação, na minha pintura, com a figura humana. É uma pintura realista. É figurativa. Cada vez mais tem a ver com um pensamento que tenho sobre os dramas da realidade. Vivi numa aldeia onde havia gente muito pobre e gente que emigrou. Lembro-me dos problemas dessas pessoas. Hoje, os migrantes tocam-me de uma forma especial porque conheci gente como eles. A minha pintura tem essa dimensão, da grande reflexão sobre o mundo e, sobretudo, sobre as pessoas mais desprotegidas, afastadas de qualidade de vida, que viajam e fogem, pelo mundo, dos grandes massacres", esclareceu a pintora, que, obviamente, trabalha muitos outros temas, nomeadamente a natureza. Viajemos então até à natureza. Esta paixão resulta de memórias e de várias visitas, ainda hoje, ao campo, aos "pequenos lugares". "O espaço de liberdade era a aldeia, as hortas, os lameiros, os olivais e as fragas. Sempre fiquei ligada, sobretudo, à Primavera. Eu e as outras crianças íamos aos lameiros colher heras e malmequeres e, depois, fazíamos coroações e andávamos pela aldeia como se fossem procissões. Era um mundo maravilhoso, de grande inocência, e, por isso, a natureza está sempre dentro de mim. Sinto falta disso", esclareceu Graça Morais que, quando está em Lisboa, vai muitas vezes, à terra natal para ver a natureza transformar-se durante o ano e transportando-a, assim, para as telas. Em termos de pintura, a figura da mulher também é um tema importante. A artista pinta várias vezes a mãe e outras mulheres, a que chamou 'Marias'. Pinta-as homenageando os laços de amizade e de solidariedade que não há nas cidades, que só as nossas pequeninas localidades permitem criar. "Conheci- -as desde criança. Conheço a história, os nomes, o nome dos avós, dos pais, dos filhos", contou, referindo que esta homenagem à mulher é bem maior que tudo isto. Ou seja, já que estas senhoras, estas 'Marias', na altura da emigração, "trabalharam no duro" e eram "muito dedicadas aos filhos", vivendo ainda para "não deixar morrer as terras", merecem-lhe uma vénia. Por isso pinta-as eternizando-lhe os feitos. "Têm sempre um forte impacto, junto das pessoas, pela força que lhe pus. É uma grande homenagem que faço à mulher de Trás-os- -Montes", referiu a pintora. Para ver esta e outras obras, em 2008 abriu portas, em Bragança, o centro de arte contemporânea que foi baptizado com o nome da artista. Graça Morais diz que foi um "grande estímulo", ao qual se tem dedicado "muito" e é ali que tem exposto o "melhor" que sempre pintou. Mais do que um espaço de exposição, o centro "é importantíssimo" para Bragança. É um lugar para "sonhar", para "reflectir". E é este tipo de sítios que considera que fazem falta em todo o lado, falemos de grandes ou pequenas cidades e vilas. "Fico muito contente quando as crianças visitam o espaço e vejo que fazem coisas maravilhosas. Ainda há tempos encontrei lá uns meninos pequeninos a copiar desenhos meus e os deles eram mais bonitos. Por isso, estes lugares são muito importantes para estimular a imaginação", vincou. Vila Flor também quis e pode vir ainda a abrir portas a um espaço onde se sonhe. O projecto foi pensado há mais de 20 anos. Entretanto foi aberto um concurso para se recuperar o edifício onde ia nascer o Encontro das Artes Graça Morais. A empreitada terminou. O espaço está pronto. Mas ainda não abriu nem há, segundo a artista, previsões para que tal aconteça. "Estou à espera que o actual presidente da câmara decida o que quer fazer. Acho que Vila Flor, da qual gosto muito, precisa de uma grande dinâmica. Esse centro, que pode ser um polo que agregue várias artes, poderia trazer visitantes à vila e enriquecê-la economicamente", vincou a transmontana. Se 35 mil pessoas, entre Junho a Outubro, foram à região de Vila Nova de Foz Côa visitar uma exposição que a artista tem no Museu do Côa, também poderia haver muita gente que fosse a Vila Flor. "Gostava de ser útil à vila porque sou filha daquela terra. Não olho a partidos políticos. Só quero ser útil. A desertificação, em Trás-os-Montes, a fuga de pessoas... os que ficam têm que dar as mãos", assinalou, dizendo que "a única forma de tornar Vila Flor um lugar visitável é criar algo de muito positivo" e isso pode passar por este centro, que a pintora diz não se importar que tenha ou não o seu nome, até porque a casa não é dela mas sim da comunidade. O que importa é que algo se construa, onde as pessoas "pensem, troquem ideias e cresçam". Tendo sido já agraciada com o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, em 1997, e tendo conquistado, ao longo dos anos, inúmeros prémios e distinções, Graça Morais tornou-se este ano Doutora Honoris Causa, pela Universidade de Trás- -os-Montes e Alto Douro, e foi distinguida, pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, com o Prémio Personalidade do Norte 2022. "As mulheres, normalmente, não são tão homenageadas como os homens e, por isso, quando me fazem uma homenagem sinto que é uma recompensa pela minha obra, atitude como cidadã e mulher", frisou a pintora transmontana.
Terreno fértil para a agricultura
Falar de Vila Flor é falar também de agricultura, uma vez que este concelho se caracteriza por uma forte actividade neste sector, grande parte praticada no Vale da Vilariça, onde as hortícolas e a fruta são as principais plantações. Mas o que tem o Vale da Vilariça de tão especial? “É um vale fértil, com condições edafoclimáticas de excelência para culturas como hortícolas e frutícolas e está na região demarcada, o que permite fazer vinha da região Douro”, explicou o presidente da Associação de Agricultores do Vale da Vilariça, José Almendra. Outra das vantagens é o regadio, já que ali há um perímetro de rega de três mil hectares. Gil Freixo é um dos agricultores que tem culturas no Vale da Vilariça, mais concretamente em Santa Comba da Vilariça. Tem plantações de pêssegos, nectarinas e cerejas. Só no que toca a pêssego e nectarina tem 65 hectares. Uma cultura que já era dos seus pais e que decidiu não deixar morrer, mesmo que seja um mercado “muito difícil”. “É preciso ter alguma dimensão, se tivermos em quantidades mais pequenas já é mais complicado”, explicou o agricultor. A boa textura e o bom brix, que é como quem diz um bom teor de açúcar, conferem ao pêssego de Vila Flor “muito boa” qualidade. É uma cultura que dá trabalho todo o ano. Neste momento estão a ser feitas as podas, que já começaram em Novembro e que vão ser feitas até final de Fevereiro ou Março. Depois em Abril é feita a monda do fruto, ou seja, são retirados os pêssegos com defeitos, e em Junho é feita a colheita do fruto até ao fim de Setembro. Este ano, além da falta de água, as geadas “nas partes mais baixas do vale, encostadas às linhas da água” foram um problema. “Nós tivemos partes onde queimou 80% e tivemos partes onde não queimou nada e tivemos a produção quase normal, porque depois o mês de Julho foi muito quente e também baixou a quantidade de fruta entre 15 a 25%”, explicou. Os pêssegos e as nectarinas de Gil Freixo são vendidos para as grandes superfícies do país, mas há cerca de dois anos também começou a fazer exportação para a Hungria e a Inglaterra. Quanto à cereja, começou as plantações há cerca de seis anos e diz ser um “mercado interessante”. “Acho que está a crescer, não se fazia cereja aqui na Vilariça ou fazia-se muito pouco e está a aumentar agora”, disse o produtor. Para já os cerejais ainda são novos, nas em alguns hectares já consegue produzir 10 toneladas de cereja. Gil Freixo reconhece que nos dias de hoje é “bastante difícil” ser agricultor, devido aos custos de produção estarem sempre a subir e o preço da fruta não está a ser comprada a um “preço justo” ao produtor. “O preço não consegue subir. O aumento que tivemos foi o ano passado. Este ano manteve o preço”, referiu. A falta de mão-de-obra continua a ser outro problema na região. Muitas vezes tem de contratar estrangeiros, por se assim não fosse, era “quase impossível” assegurar as plantações. No Vale da Vilariça o olival é outras das culturas que reina. 54 hectares são de Cátia Afonso. Para não ter que passar pelo problema de falta de mão-de-obra, todas as oliveiras estão alinhadas de modo a que uma máquina consiga colher tudo de uma vez só. O objectivo foi “automatizar ao máximo os modos de produção”. O olival foi plantado há 10 anos e o Vale da Vilariça foi o lugar escolhido, porque “oferece condições edafoclimáticas com alguma peculiaridade, tanto a nível de solo como de clima”. “Da Olivadouro podem esperar um azeite com uma colheita têmpera, ou seja, colhemos sempre no momento óptimo da maturação, é suave e tentamos ter páticas agrícolas de forma a que não percamos todas as propriedades que o azeite, todos os aromas e dando o melhor à árvore”, explicou a empresária. Por ano, em média, consegue 600 toneladas de azeitona, o que se traduz em cerca de 60 mil litros de azeite. Mas nesta campanha o cenário foi diferente. A água não foi o problema maior, uma vez que tem rega gota a gota, mas sim as geadas e o frio que veio em meados de Fevereiro, danificando algumas árvores e provocando uma quebra de produção de “60%”. Cátia Afonso admite que esta quebra tem “muito impacto no negócio”, mas que está a ser colmatado com o aumento do preço do azeite. “Como é um mal geral, o valor do azeite tem estado a aumentar o que nos permite aumentar o nosso valor e não ter tantos prejuízos como aqueles que eram esperados”, referiu. Actualmente, vende o Olivadouro em Portugal, mas também na Suíça e nos Estados Unidos. “Temos a garrafinha de meio litro que está nos supermercados e nos restaurantes para poder ir à mesa e depois temos uma caixa com cinco litros, que é vendida nos supermercados e aos restaurantes para poderem cozinhar com o mesmo azeite que têm na mesa quando os clientes pedem”, explicou. Ainda assim, não consegue vender os mesmos litros de azeite pedidos pelos clientes, o que a obrigou a repensar numa estratégia. “Quando fazemos a comparação e vemos a média de litros que precisamos para satisfazer os nossos clientes, este ano está um bocado aquém”, disse a empresária, explicando que a solução passou por transformar a caixa de cinco litros em dois, a partir de Janeiro, para conseguir “racionalizar as vendas e de forma a conseguir ter azeite o ano todo”. No concelho de Vila Flor as principais culturas continuam a ser o olival e a vinha, embora no Vale da Vilariça, a fruticultura e a horticultura também já tenha “bastante expressão”. Segundo o presidente da Associação de Agricultores do Vale da Vilariça, algumas freguesias de Vila Flor que estão situadas no vale abastecem há “muito tempo” os mercados mais próximos de hortícolas e frutícolas, nomeadamente o mercado de Bragança, Macedo de Cavaleiros e até Chaves. A comercialização destes produtos, no caso dos pequenos agricultores, continua a ser uma “grande dificuldade”. “Temos condições boas para produção, mas ainda estamos longe dos grandes centros de consumo e, por vezes, para entrar em determinados mercados é preciso ter escala e então como a grande maioria dos produtores são pequenos produtores a organização para adquirir essa escala ainda é uma dificuldade”, referiu José Almendra. Uma vez que grande parte dos agricultores do concelho produzem em pequena escala, torna-se difícil chegar aos grandes mercados e, por isso, os mercados locais são a alternativa. Para José Almendra, o ideal seria “a organização da produção, o associativismo, o corporativismo”. “Ao nível da comercialização ainda falta dar esse passo. Ainda há alguma dificuldade em se tentarem juntar”, frisou. Outro dos problemas, além da comercialização, está relacionado com o regadio. Devido ao ano de seca, até no perímetro de rega do vale, houve “risco de faltar água”. Por isso, o presidente da associação defende que é preciso “armazenar mais água do que a que temos” para que não falte aos agricultores.
O maior santuário mariano de Trás-os-Montes
É no concelho de Vila Flor que se localiza o maior e um dos mais importantes santuários Marianos de Trás- -os-Montes. Falamos do Santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Vilas Boas. Foi construído no século XIX, no cimo de um monte, num dos locais mais altos daquela região, e é aqui que se realiza, anualmente, uma das maiores romarias da região, que decorre no dia 15 de Agosto, à qual não faltam milhares de visitantes e peregrinos bem como, está claro, as gentes da terra. Nesta romaria é levado o andor de Nossa Senhora da Assunção, habitualmente carregado por meia centena de pessoas, acompanhado por figuras bíblicas. O ponto de partida é a aldeia de Vilas Boas e a chegada o santuário. São dois quilómetros de extensão. A romaria da Senhora da Assunção, também conhecida como a “Romaria do Cabeço” é uma manifestação de religiosidade popular secular pois já desde o século XVII que àquele local se dirigiam milhares de romeiros, de vários pontos. Até 1843, o santuário era apenas uma pequena ermida situada no topo daquele monte, mas dinamizou-se, sendo que se diz que ali apareceu, por diferentes vezes, Nossa Senhora da Assunção a uma jovem, natural de Vilas Boas, no ano de 1673. Depois dessas aparições, os números de visitantes cresceu. No Santuário da Nossa Senhora da Assunção celebram- -se anualmente três festividades cíclicas: a Solenidade da Ascensão do Senhor (Maio), a Festa Grande de Nossa Senhora (15 de Agosto) e a Festa de Santa Eufémia (Setembro). A segunda é a mais importante. Além da igreja de nave única e capela-mor rectangulares, há várias capelinhas espalhadas pelo recinto e um monumental escadório. “Parece suspenso das nuvens! Tão alto e esgulo é o píncaro onde está o famoso templo, dominando um extensíssimo horizonte para todos os quadrantes desde a Serra da Estrela até às do Marão e da Sanábria e uma Infinidade de Povoações”, Portugal Antigo e Moderno – Pinho Leal, 1884. Sabe-se que no monte onde está o santuário existiu um povoado fortificado da segunda Idade do Ferro.
O Peneireiro
O Complexo Turístico do Peneireiro não pode deixar de ser falado ao se mencionar Vila Flor. Ali, enaltecendo as paisagens naturais daquela terra, nasceu, em 1983, um parque de campismo, o maior do distrito, com mais de 500 lugares. Neste momento, o parque está encerrado. Fechou em Março de 2020, por causa da pandemia, mas, por exemplo, este Verão ainda não acolheu campistas, devido à possível queda de árvores. Depois de algumas inspecções, percebeu-se que existia perigo para a segurança de quem o frequenta e então tomou-se a opção de não arriscar a sua reabertura até que ali não se resolvessem alguns problemas, alguns deles antigos, nomeadamente no que toca a vedações. Este parque, em tempos normais, é frequentado por milhares de turistas, nacionais e estrangeiros. E assim se prevê que volte a ser. O parque tem campos de ténis, de futebol e voleibol de praia. O seu interior está completamente arborizado por pinheiros, eucaliptos, plátanos, choupos, sobreiros e medronheiros. Há também algumas áreas relvadas. Integrada ainda no complexo do Peneireiro está também, por exemplo, a piscina municipal, com bar e esplanada, que faz as delícias de miúdos e graúdos, no tempo quente. Também dele fazem parte um Parque de Merendas e um Parque Infantil, assim como um mini zoo.
A visitar:
- Antiga Forca de Freixiel
Monumento, aparentemente único na Península Ibérica, localizado junto a Freixiel. Desde 1958, a Antiga Forca de Freixiel está classificada como Imóvel de Interesse Público. Após a execução, o cadáver do condenado era exposto na forca, ficando pendurado pelo pescoço.
- Centro Interpretativo do Cabeço da Mina
Situa-se em Assares e foi inaugurado em 2017. É constituído por um conjunto de estelas antropomórficas, atribuídas às primeiras comunidades agro-pastoris que habitaram o vale há cerca de 4 000 anos, ou seja, por volta de 2 000 a.C..
- Fonte Romana de Vila Flor
Embora atraiçoada pelo nome de antiguidade da “Fonte Romana”, é na verdade uma fonte quinhentista, pertencente ao século XVI. É formada por quatro pilares e seis colunas jónicas que suportam uma cúpula de tijolo. Crê-se que este recinto, em forma de templete greco-galaico, tenha sido utilizado para a realização de reuniões municipais dos homens bons da paróquia.
Futebol de praia uma aposta ganha
Tornar o Vila Flor SC “um clube mais eclético” e apostar numa modalidade que dê visibilidade e projecção foi com estes propósitos que o futebol de praia surgiu e é já uma aposta ganha por parte da direcção vilaflorense e do próprio concelho. Foi em 2015 que o clube deu os primeiros passos nos areais. “O primeiro ano foi uma experiência muito positiva, mas foi em 2020 que decidimos apostar mais na modalidade em conjunto com o conselheiro e amigo, o Amarelle. Era o melhor ano para subir ao campeonato de Elite com um plantel formado por jogadores locais e com jogadores internacionais da selecção de El Salvador. Fomos campeões regionais. Em 2021 voltamos a apostar em atletas locais e internacionais colombianos e voltamos a falhar o objectivo de subida. Ficou o bicampeonato regional e a primeira participação na Euro Winners Cup”, recordou Carlos Carvalho, presidente do Vila Flor SC. A Euro Winners Cup, que se realiza na Nazaré, é considerada a Liga dos Campeões do Futebol de Praia e reúne cerca de meia centena de equipas, os campeões dos principais Campeonatos Nacionais de Futebol de Praia da Europa. Em 2022, o clube transmontano manteve a aposta na modalidade, sagrou-se tricampeão distrital, qualificou-se para o nacional, mas voltou a falhar a subida à divisão de Elite. Na Euro Winners Cup o clube vilaflorense somou a primeira vitória na competição, 4-5 frente ao New Team Legend. Para o novo ano, Carlos Carvalho reitera a aposta neste desporto de Verão e traça objectivos claros. “Queremos voltar a participar no nacional, esperamos conseguir uma melhor qualificação na Euro Winners Cup e na Taça de Portugal. Para já só posso fazer um balanço positivo desta aposta, só falta mesmo a subida à Elite”. O futebol de praia está a crescer no distrito de Bragança, mas para concretizar objectivos maiores o Vila Flor SC tem apostado em jogadores estrangeiros. “A aposta nos jogadores estrangeiros de selecção está relacionada com a qualidade que precisamos para atingir os nossos objetivos (de acordo com as nossas possibilidades) e também para despertar o interesse pela modalidade, pelos atletas e público. Carlos Carvalho gosta de fazer do Vila Flor SC “uma referência a nível nacional” e defende a aposta num campeonato distrital de futebol de praia. “Será benéfico pois o nível competitivo para as equipas será mais próximo e o orçamento menor”, acrescentou. Para aumentar o número de equipas terá de haver, obrigatoriamente, uma aposta em infraestruturas. “Em primeiro lugar tem de haver mais campos de futebol de praia e de fácil acesso. Depois deve alargar-se o calendário competitivo (campeonato distrital, taça distrital e um torneio de abertura ou fecho da época por exemplo). Certo é que em 2023 o Vila Flor SC vai participar na fase de apuramento para o nacional e na conquista do tetra campeonato distrital.
Susana Madureira
O Presidente
Nome: Pedro Miguel Saraiva Lima Cordeiro de Melo (Pedro Lima)
Idade: 49 anos
Tempo de Mandato: 1 ano e dois meses
Profissão: Engenheiro
Porque decidiu dedicar-se à política?
Sobretudo porque acredito nas pessoas e reconheço a importância de cada uma delas. Porque acredito que Vila Flor é um concelho para viver com esperança no futuro, que passou demasiado tempo sem soluções, sem um rasgo, sem uma visão, de oportunidades perdidas. Porque acredito que este é um concelho onde é possível os nossos filhos crescerem, viverem, trabalharem com qualidade de vida, onde seja possível concretizar sonhos e serem felizes. Porque defendo que Vila Flor tem que dar asas para voar, mas também criar raízes para voltar e motivos para ficar.
Como é ser presidente da Câmara Municipal de Vila Flor?
Ser Presidente da Câmara Municipal de Vila Flor mais do que uma honra, é sentir-me próximo de todos. Ser Presidente é saber ouvir, ter as portas do Município abertas, para que possamos ter, e contar, com as opiniões de cada um, por mais divergentes que sejam, pois apenas respeitando a diferença conseguiremos construir o futuro que pretendemos para Vila Flor.
Quais são os maiores desafios enquanto autarca?
Todos os dias são um desafio, por mais pequeno que pareça. A atracção de investimento e a fixação de empresas, para que sejam criados postos de trabalho, por forma a que os jovens e os Vilaflorenses se possam fixar no concelho. Por outro lado, o apoio ao empreendedorismo jovem é também um imperativo. É fundamental que haja a possibilidade daqueles que pretendem criar o seu próprio negócio e o seu posto de trabalho, o possam fazer. Também de extrema importância é a protecção aos idosos, dado verificar- -se nos nossos dias, uma população envelhecida e como consequência inúmeros idosos isolados.
Em Vila Nova de Cerveira existe uma construção semelhante, embora só com uma coluna, Encontra-se a duas centenas de metros da vila instalada num cabeço granítico apropriadamente chamado Outeiro da Forca.
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