Quem não leu, ouviu ler, ou ouviu cantar uns versos que começam assim: «Pela estrada plana, toque, toque, toque...»
Acertaram! É a Moleirinha, de Guerra Junqueiro, uma das poesias mais populares de toda a literatura portuguesa, pelo ritmo encantatório, pela frescura e pelo poder evocativo.
Já agora, para matarem saudades, aí vai toda a primeira estrofe: «Pela estrada plana, toque, toque, toque... / Guia o jumentinho uma velhinha errante. / Como vão ligeiros, ambos a reboque, / Antes que anoiteça, toque, toque, toque, / A velhinha atrás, o jumentito adiante!...»
Ao folhear ao desenfado o meu álbum de fotografias dos anos 80 do século passado, deparei com esta que hoje mostro — e logo me vieram à cabeça os versos de Guerra Junqueiro.
Obviamente esta mulher não é uma velhinha de 80 anos; obviamente não vai para o moinho; obviamente ainda não nascem as estrelas «vivas em cardume»... E mais uns quantos ‘obviamentes’. A mulher terá os seus 60 anos e o seu negócio não é a farinha, mas o leite que leva em cântaros. Quanto ao burro, confesso que não sei o suficiente sobre eles para estabelecer paralelos.
Mas que importam as diferenças? Um dos encantos da poesia é podermos fazer tábua rasa de tudo, e tudo nos permitir ver com os olhos da alma. Tanto assim, que a mim, que não tive a dita de conhecer nem avôs nem avós, me vem água aos olhos ao ler, mais adiante no poema, estes versos a ressumar emoção: «Vendo esta velhinha, encarquilhada e benta, / Toque, toque, toque, que recordação! / Minha avó ceguinha se me representa... / Tinha eu seis anos, tinha ela oitenta, / Quem me fez o berço fez-lhe o seu caixãol»
Abençoada poesia, que tanta coisa me tem dado — incluindo uma avó!
Acertaram! É a Moleirinha, de Guerra Junqueiro, uma das poesias mais populares de toda a literatura portuguesa, pelo ritmo encantatório, pela frescura e pelo poder evocativo.
Já agora, para matarem saudades, aí vai toda a primeira estrofe: «Pela estrada plana, toque, toque, toque... / Guia o jumentinho uma velhinha errante. / Como vão ligeiros, ambos a reboque, / Antes que anoiteça, toque, toque, toque, / A velhinha atrás, o jumentito adiante!...»
Ao folhear ao desenfado o meu álbum de fotografias dos anos 80 do século passado, deparei com esta que hoje mostro — e logo me vieram à cabeça os versos de Guerra Junqueiro.
Obviamente esta mulher não é uma velhinha de 80 anos; obviamente não vai para o moinho; obviamente ainda não nascem as estrelas «vivas em cardume»... E mais uns quantos ‘obviamentes’. A mulher terá os seus 60 anos e o seu negócio não é a farinha, mas o leite que leva em cântaros. Quanto ao burro, confesso que não sei o suficiente sobre eles para estabelecer paralelos.
Mas que importam as diferenças? Um dos encantos da poesia é podermos fazer tábua rasa de tudo, e tudo nos permitir ver com os olhos da alma. Tanto assim, que a mim, que não tive a dita de conhecer nem avôs nem avós, me vem água aos olhos ao ler, mais adiante no poema, estes versos a ressumar emoção: «Vendo esta velhinha, encarquilhada e benta, / Toque, toque, toque, que recordação! / Minha avó ceguinha se me representa... / Tinha eu seis anos, tinha ela oitenta, / Quem me fez o berço fez-lhe o seu caixãol»
Abençoada poesia, que tanta coisa me tem dado — incluindo uma avó!
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