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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

«Pela estrada plana, toque, toque, toque...»

 Quem não leu, ouviu ler, ou ouviu cantar uns versos que começam assim: «Pela estrada plana, toque, toque, toque...»
Acertaram! É a Moleirinha, de Guerra Junqueiro, uma das poesias mais populares de toda a literatura portuguesa, pelo ritmo encantatório, pela frescura e pelo poder evocativo. 
Já agora, para matarem saudades, aí vai toda a primeira estrofe: «Pela estrada plana, toque, toque, toque... / Guia o jumentinho uma velhinha errante. / Como vão ligeiros, ambos a reboque, / Antes que anoiteça, toque, toque, toque, / A velhinha atrás, o jumentito adiante!...»
Ao folhear ao desenfado o meu álbum de fotografias dos anos 80 do século passado, deparei com esta que hoje mostro — e logo me vieram à cabeça os versos de Guerra Junqueiro.
Obviamente esta mulher não é uma velhinha de 80 anos; obviamente não vai para o moinho; obviamente ainda não nascem as estrelas «vivas em cardume»... E mais uns quantos ‘obviamentes’. A mulher terá os seus 60 anos e o seu negócio não é a farinha, mas o leite que leva em cântaros. Quanto ao burro, confesso que não sei o suficiente sobre eles para estabelecer paralelos.
Mas que importam as diferenças? Um dos encantos da poesia é podermos fazer tábua rasa de tudo, e tudo nos permitir ver com os olhos da alma. Tanto assim, que a mim, que não tive a dita de conhecer nem avôs nem avós, me vem água aos olhos ao ler, mais adiante no poema, estes versos a ressumar emoção: «Vendo esta velhinha, encarquilhada e benta, / Toque, toque, toque, que recordação! / Minha avó ceguinha se me representa... / Tinha eu seis anos, tinha ela oitenta, / Quem me fez o berço fez-lhe o seu caixãol»
Abençoada poesia, que tanta coisa me tem dado — incluindo uma avó!

A. M. Pires Cabral

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