Não é raro que por esta altura, as festas do Natal e Ano Novo, surjam inquietações em alguns contextos familiares. Estou a pensar nas situações em que por separação dos pais se coloca o modo de organizar os tempos familiares dos miúdos.
As situações mais geradoras de stresse decorrem sobretudo de processos de separação mais tensos ou mal resolvidos e muitos pais expressam dificuldades ou dúvidas.
A separação familiar, sendo um processo que poderá ser doloroso, também é um processo que, naturalmente, pode correr bem apesar das alterações e sobressaltos.
Defendo sempre que é preferível uma boa separação a uma má família. Muitos casais, com o alibi da protecção dos filhos mascaram uma relação que já não existe, mas que se sentem incapazes de dar fim. Vivem, por assim dizer, "casados por fora e descasados por dentro", o que não passa, evidentemente, despercebido aos filhos.
Por outro lado, tem vindo também a verificar-se crescentemente situações de casais que, apesar de separados, continuam a coabitar o mesmo espaço ou que nem sequer assumem a separação, o que poderá implicar, quando existem filhos, algumas ansiedades e inquietações nos pais sobre a forma de lidar com um contexto em que aparentemente existe uma família, quando na verdade já são duas com uma ou mais crianças entre elas.
A verdade é que as crianças e adolescentes também percebem, sentem, muito bem quando as coisas se alteram, quando os pais apenas “estão casados por fora”.
Como disse, em boa parte das situações as coisas correm bem, mas um processo de separação, eventualmente, a constituição de outra família, pode conter alguns riscos de insegurança e instabilidade para os mais novos tal como mal-estar nos adultos por mais fingimento que possam mobilizar.
Neste contexto, importa estar atento e a experiência diz-me serem frequentes as situações de separação em que os adultos sentem insegurança e ansiedade e até exprimem a necessidade de ajuda. Acresce que as questões relativas à família, às novas famílias são ainda objecto de contaminação pelos sistemas de valores éticos, morais, religiosos e culturais.
O volume de opiniões sobre estas situações é extenso, oscilando entre considerações de natureza moral e/ou ética e um entendimento científico sobre a forma como as famílias e sobretudo as crianças e jovens lidam ou devem lidar com as circunstâncias. Por mim, creio “apenas” que o(s) ambiente(s) familiar(es) deve ser suficientemente saudável para que a criança se organize também saudavelmente e faça o seu caminho sem uma excessiva preocupação geradora de ansiedade e insegurança em todos os envolvidos, miúdos e graúdos.
Há que estar atento e perceber os sinais que as crianças mostram e, na verdade, com alguma frequência, os pais estão tão centrados no seu próprio processo que podem negligenciar não intencionalmente a atenção aos miúdos e a forma como estes vivem a situação. Pode ser necessário alguma forma de apoio externo, mas sempre encarado de uma forma que se deseja serena e não culpabilizante.
Para ilustrar este universo lembro-me de uma criança a quem foi solicitado que desenhasse a sua família, ter dividido a folha, desenhado uma família em cada parte, cada uma com um sol radioso no canto a aquecer e aconchegar as suas duas famílias.
Uma outra afirmou gostar das suas duas famílias porque assim … tinha duas férias.
As crianças são bem capazes de lidar com duas famílias se os adultos ajudarem.
Bom Natal e Bom Ano para todas as famílias.
As situações mais geradoras de stresse decorrem sobretudo de processos de separação mais tensos ou mal resolvidos e muitos pais expressam dificuldades ou dúvidas.
A separação familiar, sendo um processo que poderá ser doloroso, também é um processo que, naturalmente, pode correr bem apesar das alterações e sobressaltos.
Defendo sempre que é preferível uma boa separação a uma má família. Muitos casais, com o alibi da protecção dos filhos mascaram uma relação que já não existe, mas que se sentem incapazes de dar fim. Vivem, por assim dizer, "casados por fora e descasados por dentro", o que não passa, evidentemente, despercebido aos filhos.
Por outro lado, tem vindo também a verificar-se crescentemente situações de casais que, apesar de separados, continuam a coabitar o mesmo espaço ou que nem sequer assumem a separação, o que poderá implicar, quando existem filhos, algumas ansiedades e inquietações nos pais sobre a forma de lidar com um contexto em que aparentemente existe uma família, quando na verdade já são duas com uma ou mais crianças entre elas.
A verdade é que as crianças e adolescentes também percebem, sentem, muito bem quando as coisas se alteram, quando os pais apenas “estão casados por fora”.
Como disse, em boa parte das situações as coisas correm bem, mas um processo de separação, eventualmente, a constituição de outra família, pode conter alguns riscos de insegurança e instabilidade para os mais novos tal como mal-estar nos adultos por mais fingimento que possam mobilizar.
Neste contexto, importa estar atento e a experiência diz-me serem frequentes as situações de separação em que os adultos sentem insegurança e ansiedade e até exprimem a necessidade de ajuda. Acresce que as questões relativas à família, às novas famílias são ainda objecto de contaminação pelos sistemas de valores éticos, morais, religiosos e culturais.
O volume de opiniões sobre estas situações é extenso, oscilando entre considerações de natureza moral e/ou ética e um entendimento científico sobre a forma como as famílias e sobretudo as crianças e jovens lidam ou devem lidar com as circunstâncias. Por mim, creio “apenas” que o(s) ambiente(s) familiar(es) deve ser suficientemente saudável para que a criança se organize também saudavelmente e faça o seu caminho sem uma excessiva preocupação geradora de ansiedade e insegurança em todos os envolvidos, miúdos e graúdos.
Há que estar atento e perceber os sinais que as crianças mostram e, na verdade, com alguma frequência, os pais estão tão centrados no seu próprio processo que podem negligenciar não intencionalmente a atenção aos miúdos e a forma como estes vivem a situação. Pode ser necessário alguma forma de apoio externo, mas sempre encarado de uma forma que se deseja serena e não culpabilizante.
Para ilustrar este universo lembro-me de uma criança a quem foi solicitado que desenhasse a sua família, ter dividido a folha, desenhado uma família em cada parte, cada uma com um sol radioso no canto a aquecer e aconchegar as suas duas famílias.
Uma outra afirmou gostar das suas duas famílias porque assim … tinha duas férias.
As crianças são bem capazes de lidar com duas famílias se os adultos ajudarem.
Bom Natal e Bom Ano para todas as famílias.
Zé Morgado
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