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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Formas de dizer

Já lá vão muitos anos, mas nunca me esqueci deste diálogo que a minha professora do ensino primário nos fez saber – exemplo que vinha no livro e nele confirmava a regra da pontuação:
“- Que horas são?
- Onze e dez.
- Certas?
- Em ponto!”
Sempre que oiço dizer a alguém que vai voltar à hora certa, olho logo para o relógio; e se, por exemplo, são quinze e cinquenta e cinco ou cinquenta e nove, não tenho dúvida do que quer dizer com essa expressão: vai voltar às dezasseis; porém, logo a mente me transporta à escola “lá da terra” e me lembra que as onze e dez também são muito bem a hora certa. De facto, salvo melhor opinião, todas as horas são horas certas: as seis, as vinte e uma e trinta e oito, as dezanove e vinte, e assim por diante…
Também quando alguém se lembra de introduzir no diálogo uma qualquer expressão que lhe parece mais apropriada para entendermos o que nos quer transmitir, imediatamente começo a criar anticorpos contra ela. É o caso de “à última da hora”, em vez de “à última hora”. Não sei porquê; mas parece-me que quem sente preferência pela primeira destas expressões poderá estar a querer apoiar-se a qualquer coisa que lhe faz falta, pelo que, usando-a, irá sentir maior segurança! Outra que me parece não ter sentido é “à séria”, em vez de “a sério”.
Mas, porque as palavras – diz-se – são como as cerejas (quando se puxa uma, vem logo uma dúzia), aproveito para lembrar outras situações que também são caras a muita gente: “As mais das vezes…” parece-me igualmente uma expressão a rejeitar, em vez de “A maior parte das vezes…”; ou, então, como vem sendo moda há bastante tempo: “O a… comboio das a… dezoito horas chegará a… meia hora atrasado, devido a trabalhos na linha”; ou: “Os a… trabalhadores do metro encontram-se em greve no a… período da manhã”. Esta vogal que começa as frases e nelas se intercala constitui uma quase impercetível pausa. Mas nota-se.
Mais dois exemplos: “Se precisar, nós podemos ajudar-lhe”, em vez de “Se precisar, nós podemos ajudá-lo (a)”; e “Ele disse que fazia-lhe diferença não conduzir, porque o médico ainda não pronunciou-se sobre a recuperação, quando o médico o consultou”, em vez de “Ele disse que lhe fazia diferença não conduzir, porque o médico ainda não se pronunciou sobre a recuperação, quando foi consultá-lo”.
Sem pretender criticar seja quem for, quando oiço expressões como as acima citadas ou outras idênticas, procuro ficar calmo e nunca tentar interagir! Cada um fala como pode e sabe, porque, como julgo consensual, o que vale mais são as ideias e não os erros de linguagem ou de escrita que se cometem, ao expressá-las. E porque assim é, tudo o que, a este propósito, aqui deixo registado se traduz numa humilde opinião.
Entretanto, não digo que, numa roda de amigos, ou na conversa do dia a dia, não possa utilizar-se uma linguagem algo desprendida e descuidada, a qual é bastante diferente daquela a que deve recorrer-se, quando se fala para grandes audiências. Neste caso, requer--se e exige-se muito cuidado, não vão as pessoas que assistem repetir os erros que ouvem.

Manuel António Gouveia

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