Não vem tudo nos livros. E, por vezes, no mundo das plantas nem sequer existem palavras para nomear tudo o que acontece. "Os livros são um instrumento para ir mais longe, mas é preciso uma componente prática no ensino de qualquer tipo de biologia", defende o botânico Carlos Aguiar. Professor no Instituto Politécnico de Bragança, viu-se obrigado a reinventar e recriar as suas aulas de botânica para cerca de uma centena de alunos por causa do estado de emergência. À distância de uma aplicação online e de pequenos vídeos com plantas, Carlos tenta por estes dias fintar a suspensão das aulas presenciais, mas considera "muito difícil aprender botânica apenas pelos livros, sem contacto com a natureza". Apesar disso, ainda consegue ter uma perspetiva otimista sobre este período de isolamento e distanciamento social: "o confinamento acabou por ser pedagógico. Todos aprendemos muita coisa. Médicos, professores, e praticamente todas as profissões tiveram de se adaptar a uma nova realidade", afirma ao telefone a partir de Bragança, onde vive e trabalha. Natural de Matosinhos, tem três filhas estudantes na Universidade do Porto, mas que agora estão por Bragança em regime de aulas online. "É a minha opinião pessoal, mas considero que é mais fácil viver este período numa pequena cidade, porque há mais espaço e uma relação forte com o campo. É menos opressivo", afirma.
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Joana Beleza
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