Águia-de-Bonelli. Fotografia Leonardo Fernández Lázaro. |
Através do estudo do comportamento de 11 casais de águia-de-Bonelli, desde o período de incubação dos ovos até à fase em que as criam eram capazes de deixar o ninho, os cientistas descobriram que as fêmeas investiam mais esforço na incubação dos ovos, na manutenção do ninho e na alimentação das crias, enquanto os machos contribuíam mais para o aprovisionamento de alimento para o ninho.
Verificou-se também que os cuidados com a manutenção do ninho e a alimentação das crias por parte das fêmeas diminuíam com o avançar do período reprodutivo e que ambos os progenitores ajustavam o seu esforço de caça de presas em função da idade das crias.
Os machos da águia-de-Bonelli têm um tamanho quase 30% menor do que as fêmeas. A dieta dessa espécie de ave de rapina é composta em grande parte por espécies de aves de tamanho médio, que realizam voos ágeis e rápidos (como pombos, perdiz-vermelha e corvídeos), sendo por isso difíceis de caçar. Geralmente, estas espécies são também caçadas em habitats estruturalmente complexos.
Os autores acreditam, por isso, que os resultados do estudo parecem confirmar a hipótese de que os machos de águia-de-Bonelli evoluíram para se tornarem mais aptos para apanhar presas difíceis de capturar, ou seja, a hipótese da “dificuldade de capturar presas” teria feito com que os machos assumissem evolutivamente a maior responsabilidade pela captura de presas para aprovisionamento do ninho durante o período reprodutor por estes terem um menor tamanho e uma estrutura mais esguia que permite que sejam mais eficazes em capturar presas ágeis do que as fêmeas.
Compreender o comportamento dos casais de águia-de-Bonelli durante o período reprodutor é fundamental para assegurar a monitorização eficaz da espécie, bem como para melhorar as medidas de promoção da sua conservação. O artigo pode ser consultado aqui.
A águia-de-Bonelli é uma das espécies-alvo de conservação da Palombar. Saiba o que fazemos em benefício desta espécie que tem um estatuto de conservação “Em Perigo”, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.
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