Depois de se cruzar a estreita Porta da Vila, entra-se naquilo que parece uma aldeia de outros tempos. A cidadela de Bragança é um pequeno aglomerado de ruas tranquilas com encanto próprio e percorre-se em poucos minutos. Mas para ver e conhecer a sério, convém não ter pressa, pois as ruas (parece só uma, mas a meio ela muda de nome) que ligam esta porta da muralha à imponente Torre de Menagem e à lendária Torre da Princesa têm muito a revelar.
Logo no número 24 da Rua D. Fernão “O Bravo” funciona o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, que mostra em três pisos as tradições ligadas às festas dos rapazes ou dos caretos, que se celebram no inverno no nordeste transmontano e em toda a região raiana, inluindo na Galiza. Ali pode-se percorrer uma coleção de máscaras e fatos das festas e ainda ficar a conhecer os artesãos da região.
Uns metros mais à frente, já com o castelo à vista, está a Taberna do Javali, restaurante, cafetaria e bar, aberto em abril do ano passado por Flávio Gonçalves. Membro de uma família de cozinheiros – os pais são os donos d´O Javali e os primos são os irmãos Geadas – recentemente distinguidos com uma estrela Michelin – Flávio quis fazer algo diferente. Foi assim que apostou na carne de javali, seja em sandes, francesinhas, em arroz cremoso e chouriça, mas não é de correr para provar – em janeiro, a taberna encerra, para reabrir em fevereiro.
Trufa de butelo com casulas, maionese de cebola roxa e rebentos de mostarda da Tasca do ZéTuga. (Fotografia: Rui Manuel Ferreira/GI) |
A maior parte dos clientes do ZéTuga vêm de fora, são os muitos turistas que enchem a cidadela aos fins de semana e no meses mais quentes. Agora, na época fria, há menos forasteiros, mas raramente a cidadela está vazia de visitantes. E são eles que enchem também o castelo e o Museu Militar que ocupa a Torre de Menagem e que, dentro do género, é o mais concorrido do país.
Subindo as estreitas escadas, fica a conhecer-se as vivências militares da cidade, até porque a maioria das peças foram doadas por habitantes que lutaram em África e na I Guerra Mundial. Nesta altura do ano, o castelo e o museu encerram às 17h00. Acessível, cá fora, estão os adarves das muralhas que delimitam a leste a cidadela e a porta secundária. Ao lado estão ainda a Igreja de Santa Maria e o enigmático Domus municipalis, edifício que remonta ao século XII, e que terá funcionado, entre outras coisas, como cisterna.
Ao final da tarde, com o frio a apertar, é tempo de entrar num bar com uma lareira confortável e variedade de licores e cervejas. É a Taverna O Celta, um agradável espaço de convívio, liderado pelo carismático e bem-disposto Amílcar Moreira, conhecido como Mica. É frequentado por muitos alunos de Erasmus que estudam no Politécnico e por turistas, que ficam encantados com os licores, a lareira, os dois cães e o gato que por lá se passeiam. E quem não há de ficar encantado quando se sente bem-vindo?
Fotografias: Rui Manuel Fonseca/GI
Luísa Marinho
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