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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

O DOUTOR DAS TRETAS

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
 
Hoje de manhã, ao ler crónica escrita em 1915 – há cento e cinco anos! - por Agostinho de Campos, na passagem em que se refere a antigo Professor da Universidade de Coimbra,  -  o  Doutor Calisto, - mestre, que se orgulhava de entreter, os estudantes, durante um ano inteiro, só com meia dúzia de tretas; lembrei-me de políticos, figuras públicas, e até intelectuais e escritores, que tantos esticam os assuntos, que de punhado de nada, realizam “brilhante” discurso e até grosso livro, de centenas de páginas! …

Eu sei, como dizia Nietzche, que certos filósofos: turvam a água para parecer profunda…
Se nos dermos ao trabalho de espremer o “sumo” da dissertação ou livro, verificamos, que não chegam a meia dúzia de ideias! …
Pretendem deslumbrar o leitor ao rebuscar palavras rebuscadas, apresentando textos, revestidos de rígida couraça, para que só os entendidos consigam decifrar; e os não versados, afirmem: “ muito interessante! …”, para não serem taxados de ineptos.
Voltemos ao professor loquez:
Agostinho de Campos, escreve, com leveza e graça, o que corria no meio universitário, quando o mestre das “tretas” foi, uma noite, à ópera:
“ Estando em S. Carlos (…) o seu vizinho, na plateia lhe dissera, arrebatado pelo canto e pela música:
- Parece incrível, que apenas com sete notas se possa deliciar a gente uma noite inteira!
Ao que logo replicou o nosso mestre:
- Não se admire Vª Exª, por tão pouco. Eu, que aqui estou, intrujo os meus caloiros com sete ideias durante um ano.”
Para que se tolda a água do charco? Para parecer profunda…
Há professores e até pregadores, tão herméticos, que não saem da sólida torre de marfim, onde vivem e desejam viver. São tão obscuros, que a maioria dos mortais, não consegue “digerir” seus textos.
Tornam-se inacessíveis, com o fim de deslumbrar, com sapiência, os alunos; e pregadores, que encontram mais interesse em mostrarem a eloquência do seu saber, do que difundir o Evangelho.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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