“Numa análise genérica, o que se verifica é que a maior parte dos comerciantes estão a trabalhar. Em uma primeira abordagem nota-se que os cabeleireiros estão a trabalhar e a maioria dos comerciantes aderiram à venda ao postigo, sendo que alguns ainda não estarão abertos porque se estão a readaptar ao sistema de abertura. É o possível para esta fase.”
A Onda Livre foi ouvir alguns comerciantes macedenses que depois de quase dois meses fechados voltaram na segunda-feira a abrir, desta vez não a porta mas sim o postigo.
Começamos pela venda de roupa.
Cidália Arrátel é proprietária de uma loja na cidade e considera que a venda ao postigo não é apropriada para este género de artigos:
“Não está a correr muito bem.
Estive este tempo todo em casa e não me importava de continuar até ao dia 5 porque vender ao postigo em uma loja de roupa não faz sentido nenhum.
As minhas clientes gostam de entrar, ver, experimentar, ter a minha opinião e na venda ao postigo isso não acontece.”
O mesmo se verifica com a venda de calçado.
Maria José tem uma sapataria e diz que vender ao postigo não compensa:
“Está a correr muito mal, acho que não vale a pena.
Estou aqui porque tenho muito que fazer, mudar as condições e limpar para estrar preparada para poder abrir no dia 5.
Os clientes quando vêm queres ver e tocar o artigo, e não se pode.
Desde segunda-feira têm sido poucos os clientes, não compensa.”
Cenário semelhante aponta Carlos Pragueiro, proprietário de uma loja de artigos têxteis:
“Muito parado. As pessoas têm medo.
A venda assim compensa e não compensa porque as pessoas gostam de ver, apalpar e ver as cores mais ao vivo do que apenas nós trazendo à porta.
Sinto que as pessoas têm necessidade de fazer algumas compras, também estamos a caminho da Páscoa e querem renovar algumas coisas. Mas parece-me que o fazem mais para sair de casa.”
Por sua vez, Júlia Santos, que é dona de um café, diz que os clientes têm aderido à nova modalidade de venda:
“De manhã há algumas pessoas e à tarde é mais calmo. As pessoas já tinham saudades do cafezinho. Não se juntam, bebem o café e vão embora.
Acho que quando abrirem as esplanadas, dando às pessoas a possibilidade de se sentarem, sempre ficam e consomem mais um pouco.”
Não ao postigo mas por marcação voltaram também a trabalhar os salões de cabeleireira.
No caso do estabelecimento de Carla Vieira, o saldo está a ser positivo e confessa até que as clientes já aguardavam pela reabertura com alguma ansiedade:
“Ótimo. As pessoas estavam à espera, ansiosas, e psicologicamente estávamos todos a precisar assim de um ar mais leve.
As clientes vêm mais para mudar o visual e ficarem mais leves porque estão tristes, desanimadas, e querem sentir-se mais vaidosas e bem com elas próprias.”
As opiniões dos comerciantes a dividirem-se a meio da primeira semana do início do desconfinamento, que deu a possibilidade de muitos reabrirem os estabelecimentos, maioritariamente ao postigo.
Uma forma de venda que o presidente da ACISMC, Paulo Moreira, reforça não ser o ideal e apela à população que ajude o comércio local:
“Os empresários precisam de vender mercadoria e que os clientes vão aos seus comércios. E apelo que pelo menos as pessoas do nosso concelho façam consumo local agora mais que nunca.
O comércio ao postigo vai trazer alguns problemas de logística porque o lojista tem de trazer à porta os produtos para mostrar, o que me parece que pode ser ainda pior pois o contacto se não acontece lá dentro, acontece fora. Acho que era preferível limitar a utilização a um cliente dentro do estabelecimento do que estar a introduzir este critério do postigo.”
Para já, é assim que vai continuar a venda de diversos artigos considerados não essenciais, pelo menos até dia 5 de abril, altura em que as lojas até 200m2 com porta para a rua vão poder voltar a receber pessoas no interior.
Sem comentários:
Enviar um comentário