O facto de terem estado muito tempo impedidos de mostrar imóveis é só um dos problemas para quem trabalha no sector do imobiliário. A pandemia arrasta uma crise económica, com perda de rendimentos e de emprego o que leva as pessoas a adiar ou cancelar a compra de imóveis.
Eugénia Batista trabalha há 24 anos no ramo imobiliário em Bragança e diz que a pandemia afectou bastante o negócio. “Afectou-nos bastante porque tínhamos alguns negócios praticamente fechados que tivemos que anular porque as pessoas ficaram com medo de perder os empregos. Houve muitas proprietárias de cafés e restaurantes que tiveram que fechar e tiveram medo de avançar em alguns negócios e compras. Tem sido duro porque temos de pagar 700 euros de renda, temos que pagar à funcionária, água, luz, IVA, Segurança Social... e não temos rendimentos”.
2020 não foi um ano bom e registou uma quebra de cerca de 60%, no entanto, antecipa que 2021 será pior.
Apesar de as imobiliárias serem um dos negócios com autorização para reabrir desde segunda-feira, Eugénia Batista acredito que a recuperação não será rápida nem imediata. “Temos que trabalhar, se calhar, o dobro para ganhar um terço. Eu estou convencida que estes três anos serão para recuperar e não para ganhar grande dinheiro”.
Vivaldo Martins também tem uma imobiliária em Bragança e diz que nos últimos tempos na parte de compras e vendas de imóveis fez praticamente metade dos negócios no último ano. “Na parte de compras e vendas notasse um decréscimo muito grande, de 50%. Temos muitas pessoas que procuram imóveis mas que já vêm com um preço estipulado. Provavelmente tem a ver com a dificuldade de adquirir crédito, porque alguns jovens já têm alguns créditos pessoais e outros perderam rendimentos”.
Desde Janeiro até agora tem-se restringido a enviar fotos dos imóveis aos interessados e devido à indecisão tem agendamentos para um dia melhor.
Alfredo Germano tem uma imobiliária em Mirandela e visto que o confinamento imposto em Março de 2020 tirou as pessoas da rua decidiu, logo na altura, apostar nas visitas virtuais. “Tivemos que nos ajustar. Eu estava preso em casa e tive que me adaptar. Procurei onde podia comprar câmaras 360º e programas para criar visitas guiadas. Enquanto estive fechado foi complicado mas ao criar estas condições ajudou-me bastante”.
Segundo Alfredo Germano os compradores nem sempre têm necessidade de visitar presencialmente o imóvel e diz que fez vendas em que a casa só foi vista no dia da escritura.
Frederico Teixeira também tem uma imobiliária em Mirandela, bem como em Vila Flor e Torre de Moncorvo. Para além de gestão dos arrendamentos, no confinamento teve os escritórios fechados e não podia mostrar imóveis, mas tentou fazer visitas à distância com chamadas de vídeo, no entanto não é tão optimista acerca da utilização destes meios no negócio. “Tenho feito visitas à distância. Fazemos através do Whatsapp mas não me parece que resulte. Qualquer um de nós, para comprar algo, precisa de o ver. Pode despertar interesse mas fica sempre algo pendente”.
Entre o primeiro trimestre de 2020 e o de 2021 diz ter tido uma quebra de 70%. Quanto ao futuro, acredita que vai ser marcado pela incerteza.
A crise económica provocada pela pandemia promete continuar a condicionar o sector imobiliário e a retoma deve ser lenta e prolongada.
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