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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 2 de março de 2021

Nove ONGA portuguesas defendem que Espanha faça história na conservação do lobo e inclua espécie na lista de proteção especial

 Nove organizações não governamentais de ambiente (ONGA) portuguesas, entre as quais a Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural, juntaram-se e enviaram ao Ministério para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico (MITECO) espanhol uma carta de contributo para a consulta pública prévia para inclusão do lobo na Lista de Espécies Selvagens em Regime de Proteção Especial (LESRPE).


Atualmente, em Espanha, o lobo está legalmente protegido apenas a sul do rio Douro, mas não a norte, onde a caça à espécie é permitida. O MITECO iniciou um procedimento para a inclusão do lobo na LESRPE, após pressão de ONGA ligadas à proteção da espécie, de um veredito de um Comité Científico e da maioria de votos a favor na Comissão Estadual de Património Natural e Biodiversidade. A Comissão Europeia também já tinha alertado, em outubro de 2020, que o lobo em Espanha está em estado de conservação desfavorável e que é preciso assegurar a sua proteção. Em Portugal, o lobo está legalmente protegido e a sua caça é proibida em todo o território nacional. 

As nove organizações, algumas das quais estão a desenvolver projetos diretamente ligados à espécie lobo-ibérico (Canis lupus signatus), como a Palombar, que ficou responsável pelo 'Lote 3 - Nordeste' do Censo Nacional do Lobo-ibérico 2019-2021, coordenado pelo ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, são: ANP/WWF Portugal, FAPAS - Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural, ATNatureza - Associação Transumância e Natureza, Reserva Faia Brava, Quercus, Rewilding Portugal e SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves.

Esta consulta pública foi aberta pelo MITECO na sequência do parecer favorável emitido por um Comité Científico para proceder à referida inclusão da espécie na LESRPE, e do voto favorável na reunião da Comissão Estadual de Património Natural e Biodiversidade.

A carta pretende responder a esta consulta, apoiando esta decisão do Governo espanhol, e pedindo ao Executivo do país vizinho e à sociedade espanhola que aproveitem esta oportunidade única para proteger o lobo e para melhorar o seu estado de conservação, algo que é requerido pela Diretiva Habitats da União Europeia, e também para, simultaneamente, valorizar e apoiar a pecuária extensiva.

É fundamental construir um novo modelo de gestão do lobo que se baseie no respeito pela espécie e na convivência com outros setores, consideram as nove ONGA.

A carta destaca que os principais problemas a serem resolvidos no âmbito do novo enquadramento de proteção do lobo são: situação descoordenada e incoerente na conservação e gestão do lobo; falta de conservação e gestão abrangentes com foco na coexistência; estado de conservação desfavorável e provas de que a abordagem de gestão atual não funcionou.

O documento também sublinha que é fundamental encarar o lobo como uma espécie chave para os ecossistemas; considerar uma única população ibérica de lobo a ser conservada como tal; adotar o critério da Comissão Europeia e obrigações derivadas na abordagem baseada na coexistência e melhorar a situação das populações de lobo.

Especialmente importante para estas ONGA portuguesas é o facto de a população ibérica de lobo ser uma só e que deve ser gerida como tal. De outra forma, os esforços de conservação desenvolvidos do lado português não fazem sentido. Se esta espécie continuar a ser caçada em Espanha, não gozando de um estatuto de proteção semelhante nos dois lados da fronteira, a coordenação entre países para trabalhar para que o estado de conservação do lobo ibérico seja favorável é menos eficaz, algo que a própria Comissão Europeia já questionou.

Todos consideram este passo essencial para garantir a conservação da espécie e cumprir os regulamentos europeus, preconizando uma estratégia ibérica de gestão do lobo que se baseie na convivência com a espécie e, paralelamente, na implementação de uma estratégia alinhada com o sector pecuário.

A WWF em Espanha desenvolveu ainda a campanha “Eu defendo o lobo”, que já conta com cerca de 30 000 subscrições, para pedir o fim da perseguição à espécie, o reconhecimento jurídico que esta merece, a aprovação de planos para a sua conservação e recuperação, bem como um forte compromisso que permita a sua convivência com a pecuária extensiva e o mundo rural.

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