Por: António Pires
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
O afastamento da nossa selecção, nos quartos de final do Mundial do Katar, às mãos de Marrocos, provocou-me dois sentimentos conflituantes: uma certa desilusão, por ter consciência de que tínhamos talento para arrebatar o caneco, e não conseguimos; e um certo alivio/alegria por saber que o meu confesso ídolo, Cristiano Ronaldo, o grande símbolo e marca da nossa portugalidade, não foi, como tão injusta e fastidiosamente se apregoou, o culpado do “insucesso”.
Ainda que não tenha a veleidade de querer ser Doutor do comentário futebolístico, arrisco, no entanto, fazer aqui, o mais lucidamente possível, um pequeno comentário à prestação da equipa das quinas e consequente abandono prematuro do pódio; consciente de que outras opiniões que se possam ter, serão tão válidas e respeitáveis quanto a minha.
O Fernando Santos, desde que, em 2014, se tornou o homem do leme, foi sempre um treinador muito pouco consensual, porque, na verdade, a táctica dele era enervante e nada consentânea com o valor e características dos atletas à sua disposição: um técnico pouco ambicioso, resultadista, minimalista, em que a equipa jogava para trás e para os lados, e que tinha ali um núcleo de jogadores titulares indiscutíveis, que jogavam sempre, independentemente da forma física que apresentavam. Era um “cagão”, como se diz em bom transmontanês.
Fortemente criticado, com razão, pela imprensa especializada e pelo vulgo, nas redes socias, o Engenheiro, passados oito anos do seu consulado, lá deu a mão à palmatória (nunca é tarde para reconhecer os erros), apresentando, contra a Suíça, um “onze” inicial capaz de ombrear com os colossos do futebol mundial. Conclusão: assistimos ao melhor e mais empolgante jogo do campeonato, não pelos golos, mas pela exibição e intensidade como se disputou a partida.
Teria sido este jogo com os helvéticos um “caso” isolado, um simples fogacho? Não. À excepção do William Carvalho, a equipa era a mesma, e a determinação e o empenho dos jogadores mantiveram-se. Não, o Fernando Santos mudou irreversivelmente o “chip”.
O jogo com Marrocos era de paciência, e os nossos jogadores tiveram-na. Era preciso trocar a bola, ainda que sem progressão, para cansarmos o adversário, que se remeteu à defesa, chatinho e irritante. Tudo isso foi feito. Mas, se com zero – zero não era fácil entrar naquela muralha defensiva – que defendem com onze -, muito mais difícil se tornou com a desvantagem no marcador – com a agravante d´aos marroquinos lhes serem permitidas entradas de “sola”, sem serem disciplinarmente punidos.
Há sempre aquela velha máxima de que” em alta competição os erros pagam-se caro”. Infelizmente, soubemos na prática e sentimos na pele o seu significado. E por muito que o futebol seja um desporto colectivo, o Diogo Costa, um guarda – redes de nível mundial, que “acusou a pressão” (estava visivelmente nervoso), cometeu um erro comprometedor. Azar dos Távoras: o mesmo guarda – redes que nos safou no último minuto do prolongamento contra o Uruguai.
Em meu entender, nós, portugueses, não devemos fazer disto um drama nem entrar em depressão, porque Portugal não estava “destinado” a ir à final, nem muito menos ganhá-la. Se não fosse nos quartos de final, teria sido nas meias finais que os “infantinos” nos haveriam de afastar. Porque só os ingénuos e os mais distraídos não notaram que está tudo feito para a Argentina, duma forma descarada.
Aliás, a FIFA nunca foi sinónimo de transparência e seriedade. A viciação deste campeonato não é preciso procurá-la nas “entre – linhas”. Exibe-se às claras; está à frente dos nossos olhos. Porque, se assim não fosse, os “infantinos” teriam nomeado outro árbitro para o confronto com Marrocos, que não um argentino, uma vez que o país das Pampas ainda se encontra em prova, e Portugal seria o seu mais sério opositor. Porque se estes tipos da FIFA não fossem “intelectualmente desonestos” (usando o eufemismo defensivo, muito na moda na nossa classe política), o lance duvidoso sobre Bruno Fernandes, na área adversária, seria objecto de análise por parte do VAR.
Porque se o Katar 2022 não fosse marcado pelas reminiscências Blattereanas e Platinianas, nunca o critério de selecção dos árbitros seria baseado nas cotas de participação, mas na competência dos juízes. Conclusão: vemos, por exemplo, árbitros africanos e asiáticos, fraquíssimos e sem experiência (que apitam em campeonatos amadores), tirar o lugar a consagrados e competentes árbitros da Europa – onde está a verdadeira nata da arbitragem.
É claro que isto não é inocente. Acontece, porque estes tipos da FIFA encontram na incompetência/impreparação destes árbitros a “compreensão”/”atenuante” para os “erros”, que são não mais do que ardilosas patranhas, que lhes servem de respaldo.
Como português, mesmo na derrota, estou muito orgulhoso da nossa rapaziada, porque suaram e honraram a camisola das quinas, até ao minuto 98. O Fernando Santos ´, estou convencido, aprendeu a lição.
Mas, porque o Futebol, quer nos clubes ou tratando-se da selecção, é incomparavelmente muito menos importante do que o ar que respiramos, não posso deixar de parafrasear José António Camacho, ex treinador do Benfica, aquando dos momentos a seguir às angustiantes derrotas: “ hay qué salir adelante!”.
Ainda que não tenha a veleidade de querer ser Doutor do comentário futebolístico, arrisco, no entanto, fazer aqui, o mais lucidamente possível, um pequeno comentário à prestação da equipa das quinas e consequente abandono prematuro do pódio; consciente de que outras opiniões que se possam ter, serão tão válidas e respeitáveis quanto a minha.
O Fernando Santos, desde que, em 2014, se tornou o homem do leme, foi sempre um treinador muito pouco consensual, porque, na verdade, a táctica dele era enervante e nada consentânea com o valor e características dos atletas à sua disposição: um técnico pouco ambicioso, resultadista, minimalista, em que a equipa jogava para trás e para os lados, e que tinha ali um núcleo de jogadores titulares indiscutíveis, que jogavam sempre, independentemente da forma física que apresentavam. Era um “cagão”, como se diz em bom transmontanês.
Fortemente criticado, com razão, pela imprensa especializada e pelo vulgo, nas redes socias, o Engenheiro, passados oito anos do seu consulado, lá deu a mão à palmatória (nunca é tarde para reconhecer os erros), apresentando, contra a Suíça, um “onze” inicial capaz de ombrear com os colossos do futebol mundial. Conclusão: assistimos ao melhor e mais empolgante jogo do campeonato, não pelos golos, mas pela exibição e intensidade como se disputou a partida.
Teria sido este jogo com os helvéticos um “caso” isolado, um simples fogacho? Não. À excepção do William Carvalho, a equipa era a mesma, e a determinação e o empenho dos jogadores mantiveram-se. Não, o Fernando Santos mudou irreversivelmente o “chip”.
O jogo com Marrocos era de paciência, e os nossos jogadores tiveram-na. Era preciso trocar a bola, ainda que sem progressão, para cansarmos o adversário, que se remeteu à defesa, chatinho e irritante. Tudo isso foi feito. Mas, se com zero – zero não era fácil entrar naquela muralha defensiva – que defendem com onze -, muito mais difícil se tornou com a desvantagem no marcador – com a agravante d´aos marroquinos lhes serem permitidas entradas de “sola”, sem serem disciplinarmente punidos.
Há sempre aquela velha máxima de que” em alta competição os erros pagam-se caro”. Infelizmente, soubemos na prática e sentimos na pele o seu significado. E por muito que o futebol seja um desporto colectivo, o Diogo Costa, um guarda – redes de nível mundial, que “acusou a pressão” (estava visivelmente nervoso), cometeu um erro comprometedor. Azar dos Távoras: o mesmo guarda – redes que nos safou no último minuto do prolongamento contra o Uruguai.
Em meu entender, nós, portugueses, não devemos fazer disto um drama nem entrar em depressão, porque Portugal não estava “destinado” a ir à final, nem muito menos ganhá-la. Se não fosse nos quartos de final, teria sido nas meias finais que os “infantinos” nos haveriam de afastar. Porque só os ingénuos e os mais distraídos não notaram que está tudo feito para a Argentina, duma forma descarada.
Aliás, a FIFA nunca foi sinónimo de transparência e seriedade. A viciação deste campeonato não é preciso procurá-la nas “entre – linhas”. Exibe-se às claras; está à frente dos nossos olhos. Porque, se assim não fosse, os “infantinos” teriam nomeado outro árbitro para o confronto com Marrocos, que não um argentino, uma vez que o país das Pampas ainda se encontra em prova, e Portugal seria o seu mais sério opositor. Porque se estes tipos da FIFA não fossem “intelectualmente desonestos” (usando o eufemismo defensivo, muito na moda na nossa classe política), o lance duvidoso sobre Bruno Fernandes, na área adversária, seria objecto de análise por parte do VAR.
Porque se o Katar 2022 não fosse marcado pelas reminiscências Blattereanas e Platinianas, nunca o critério de selecção dos árbitros seria baseado nas cotas de participação, mas na competência dos juízes. Conclusão: vemos, por exemplo, árbitros africanos e asiáticos, fraquíssimos e sem experiência (que apitam em campeonatos amadores), tirar o lugar a consagrados e competentes árbitros da Europa – onde está a verdadeira nata da arbitragem.
É claro que isto não é inocente. Acontece, porque estes tipos da FIFA encontram na incompetência/impreparação destes árbitros a “compreensão”/”atenuante” para os “erros”, que são não mais do que ardilosas patranhas, que lhes servem de respaldo.
Como português, mesmo na derrota, estou muito orgulhoso da nossa rapaziada, porque suaram e honraram a camisola das quinas, até ao minuto 98. O Fernando Santos ´, estou convencido, aprendeu a lição.
Mas, porque o Futebol, quer nos clubes ou tratando-se da selecção, é incomparavelmente muito menos importante do que o ar que respiramos, não posso deixar de parafrasear José António Camacho, ex treinador do Benfica, aquando dos momentos a seguir às angustiantes derrotas: “ hay qué salir adelante!”.
António Pires
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