(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
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… o pai chega sempre ao entardecer… apanhou cogumelos lá para os lados de Valguimbra!
… ainda o ano passado morreu uma família inteira… e os cogumelos amaciam no vagar do pote… e morre-se lentamente… no susto antes de morrer... no aperto do estomago…
E todos os anos se cumpre o ritual dos cogumelos… todos os anos se espera… acordar… todos os anos se diz: - Que cogumelos tão bons!
… morreste-me! Talvez digas um dia!... ou talvez não! Só morre quem Deus quer! Diz a tia Filomena na sua sabedoria secular!... Até lá vamos aos cogumelos no segredo dos montes, na frescura do pinhal e vamos repetindo mais um ano: - Que cogumelos tão bons!
… e discretamente rimo-nos da eternidade!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
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