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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Bragança e as vias de comunicação com Espanha no século XIX

A partir de meados do século XIX, os governadores civis de Bragança e a sua Câmara Municipal começaram a preocupar-se com os transportes e comunicações da Cidade com o país vizinho. O Governo reforçou tais preocupações, dando instruções quanto aos estudos que urgia fazer, para se construir a estrada de Bragança à fronteira.

As autoridades bragançanas fundamentavam, em 1864, a opção pelo troço de Bragança a Puebla de Sanabria, considerando tal ligação como mais estratégica e vantajosa face à ligação a Alcanizes, além de reunir, segundo eles, as condições necessárias para uma mais rápida execução.
A estrada de Bragança a Sanabria – refere-se –, “satisfaz valiosas condições económicas, quando puser a capital deste Distrito em comunicação não só com a fronteira de Espanha, mas também com alguma povoação importante que lhe fique próxima. Julgo, depois de ter ouvido a opinião mais autorizada de alguns negociantes desta Cidade, que ela deve ser dirigida a Calabor, primeira povoação do país vizinho e, por um acordo feito com o Governo de Espanha, continuada pelo mesmo Governo até Puebla de Sanabria, vila de uma certa importância e que tem relações comerciais com a Cidade de Bragança. Esta estrada há de, inevitavelmente, apressar o desenvolvimento destas relações, se a reforma das alfândegas espanholas se verificar, onde se acharão mercados vantajosos para muitos dos excelentes produtos agrícolas deste Distrito. É também em Puebla que passa a estrada de macadame que de Valladolid segue até Vigo, e o caminho-de-ferro que liga Madrid com esta última cidade passará também na proximidade daquela povoação”.
As autoridades portuguesas consideravam, assim, a ligação a Puebla de Sanabria como a mais proveitosa em termos económicos, sendo a de Alcanizes relevante apenas quanto ao serviço de correio – três anos mais tarde, porém, já propunham, além da estrada internacional entre Bragança e Puebla de Sanabria, a ligação de Bragança a Alcanizes.
Em 1869, foi criada uma comissão mista de engenheiros portugueses e espanhóis para definirem o traçado entre Portugal e Espanha, ligando Bragança a Zamora. O governador de Zamora dirigiu uma comunicação ao Governador Civil de Bragança, dando continuidade ao assunto que o anterior magistrado português lhe apresentara sobre viação pública na fronteira. Informou esta entidade que o Governo espanhol tinha convidado o Governo de Portugal a participar na criação de uma comissão mista, para se determinar o ponto da fronteira onde deviam encontrar-se as estradas de comunicação internacional.
O Governo Civil de Bragança enviara, entretanto, ao Ministério das Obras Públicas uma exposição urgente sobre a vantajosa abertura de comunicações para Espanha, com prioridade para a ligação a Puebla de Sanabria, fundamentando que a mesma “deve realizar-se, não só porque os trabalhos de viação seriam mais fáceis e de muito menos dispêndio do que por Alcanizes, mas também porque desta vila, mais insignificante, vai apenas concluída a estrada que leva a Zamora e daí para o interior, estando … por muitos anos vedada toda a imediata comunicação para a importantíssima província da Galiza, e ao passo que na Puebla de Sanabria iria a nossa entroncar na estrada real que vem dos últimos confins da dita província de Zamora, primeira estação de ferro-carril e conseguintemente a todas as terras espanholas”. Mas as autoridades espanholas insistiam que a mais fácil ligação dos dois países deveria ser por Alcanizes e não por Puebla de Sanabria.
Em 1875-1876, iniciaram-se os trabalhos da estrada da fronteira de Bragança a Alcanizes, os quais compreendiam a ponte sobre o Rio Sabor, a ligação até Quintanilha para a entroncar com a estrada espanhola que, partindo de Zamora, estaria a ser construída até Alcanizes, e daí até à ponte e margem esquerda do Rio Maçãs/Manzanas.
No relatório oficial de 1876, o Governador Civil de Bragança solicita ao Governo para este insistir junto do Governo de Espanha quanto à necessidade da conclusão da estrada de Zamora à vila de Alcanizes, a expensas da diputación provincial, e refere-se a visita que fez à cidade de Zamora, “a fim de determinar que esta corporação representante da província que nos é limítrofe, a tomasse em consideração e realizasse um melhoramento que a ambos os países interessava em larga escala”.
Porém, nos inícios do século XX, Bragança continuava a reclamar a construção de uma estrada que ligasse a Cidade a Zamora, uma vez que até à fronteira, ou seja, até à ponte internacional sobre o Rio Maçãs, faltavam ainda dez quilómetros. A ligação de Bragança a Zamora por Alcanizes acabou, deste modo, por ser privilegiada, como sabemos, até ao presente.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade

Coordenação: Fernando de Sousa

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