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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Nacional nº 218: de Carção a Vimioso a estrada da maldição

 
Como em tudo na vida, para tudo se quer ter sorte, até mesmo, (acrescento eu), para ser uma estrada.
Para quem pensar o contrário, bastará conhecer a triste sina da vida atribulada dos malfadados 12 Quilómetros, (doze!) do troço da estrada nacional (!) Nº 218, construída para ligar a capital do distrito à cidade de Miranda, troço este que, depois dum difícil e heroico serpentear nas inóspitas e ingremes ladeiras que aconchegam o rio Maçãs no seu percurso belo-horrível, liga Carção à sua sede de concelho.
Segundo testemunhos fidedignos, teria sida à mais de um século que esta estrada foi projetada para ligar Bragança a Miranda do Douro, concebida com as principais saídas em Gimonde para a Lombada, em Rio Frio para Espanha e em Carção a entroncar na nacional Nº. 317 para Macedo, onde ligaria com a nacional Nº 15.
A estrada Nº 15, antes da construção do antigo IP4, entretanto já substituído pela atual A4, foi, durante muitas décadas, a principal e quase única via de ligação do interior com o litoral, interligando no seu percurso, além de muitas outras, localidades tão importantes como Miranda do Douro, Bragança, Macedo, Mirandela, Murça, Vila Real, Amarante, Penafiel e o Porto, projeto que se manteve inacabado por muito tempo porque, segundo testemunhos da época, um aspirante a cacique local, alegadamente por ter perdido umas eleições porque não votaram nele, teria garantido em Vimioso que a estrada para Carção, “ nunca atravessaria o rio Maçãs, havia de ser encravada num sítio tão difícil, que ninguém seria capaz de a tira de lá e que os de além do rio, ( as populações de Argoselo, Carção, Santulhão e das Amatelas), quando precisassem de ir à vila, nunca haviam de poder ir de carro e que, se não quisessem vir a pé, que viessem a cavalo pelas ladeiras”.
Dando de barato a credibilidade desta história, no início das obras, do lanço que deveria ligar Vimioso e Carção, apenas foi construída uma parte, com cerca de cinco quilómetros, até às proximidades do rio Maçãs, onde ficou parado e totalmente inútil durante muitas décadas, encravado na base dum penedo gigantesco de pedra azul duríssima, donde só seria desencravada à força de dinamite, nos anos cinquenta do século passado, sendo de todo impossível, a esta distância, mesmo que muito por alto, calcular os prejuízos astronómicos e para sempre irreparáveis, causados aos habitantes daquelas terras, prejudicando injustamente, direta ou indiretamente, todas as populações dos concelhos de Vimioso, de Miranda e de Mogadouro, condenados a permanecer isolados nas suas terras, vendo o progresso pagar-lhes ao lado.
Fosse porque fosse, o que é mais grave e de lamentar profundamente, o certo é que este infeliz pedaço de estrada, que foi amaldiçoado logo à nascença, amaldiçoado continua e, o que é mais grave, é não se saber como, quando e por quem poderá ser exorcizada esta maldição.
F. Costa Andrade

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