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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 2 de maio de 2021

… quase poema… ou das mães …

 Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Esperei-te todo o dia minha mãe e chamei o teu nome no descampado da saudade.
…Eugénia!... Eugénia Minga!... minha menina!
Só o eco respondeu na longa tarde da tua espera …silenciosa.... 
Talvez tivesses ido à nossa horta de Valeguimbra… ou às novenas da Senhora da Serra conversar com Deus … ouvir o sermão do frade Capuchinho … e o céu tão perto…
Talvez tivesses ido ao nosso Soto vender uma blusa nova à tia Joaninha… talvez!
Talvez tivesses ido à fonte… e a água era tão fresca e gostavas tanto de ouvir o rouxinol cantar amaciando a tarde.
…Esperei-te todo o dia… mas não voltaste a casa… Eugénia… minha amada!
… anoitece e hoje que é o dia de todas as mães vou esperar-te perto do coração… e oferecer-te as lágrimas… que chorávamos de alegria quando eu vinha de longe.
… e sinto-te tão perto minha mãe… minha menina tecedeira… e cheira a estopa e a linho branco… e sinto o cantar do velho tear afagando as tuas mãos…
… porque te ris, Eugénia Minga!... porque dizes que não foste a lado nenhum e habitas nos meus olhos… eu sei… não gostas de me ver chorar… os homens não choram…
… mas se for preciso… volto a meter as mãos no lume… como fiz um dia para poder chorar perdidamente pela minha gatinha branca que morreu…
… mas desta vez meto as mão no lume da minha saudade… e espero a noite, para sozinho, chorar copiosamente…perto da nossa casa…
… por ti!
… e não te rias!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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