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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 1 de março de 2022

Jogo da Reca | Jogos Populares Tradicionais

 Também se chama jogo da choca [jogo da reca] ou da pinha – da choca, por representar a condução de uma vaca ou de uma reca para a corte; da pinha, porque vulgarmente se utiliza uma pinha de pinheiro, que simboliza o animal.


Parece nada ter a ver com o jogo do mail (palavra francesa que deriva do latim malleum, donde também derivam, através de malleolum, as portuguesas alleo e aléu) que se praticava durante a baixa Idade Média na França e pela Europa, mas era precisamente este jogo que atraía de uma forma especial os nobres.

Não é de excluir a hipótese de ser ele o jogo da choca que o 1.º Conde de Vila Real, D. Pedro de Meneses, praticava em Ceuta, logo após a conquista desta praça, em 1415, quando D. João I, preocupado com a sua defesa, o abordou, tendo ele dito que com o alleo (malho ou vara de jogar) defenderia a praça contra os mouros. [Trata-se de uma lenda muito divulgada como facto real!].

O que é certo, porém, é que em Trás-os-Montes e Beira Alta o jogo da choca difere muito do jogo do mail (em que cada jogador dispunha de uma bola, na sua variante individual, e tinha de percorrer um determinado percurso onde havia pedras de toque) e, sendo natural que D. Pedro de Meneses conhecesse o norte do país, é também natural que o jogo que praticava em Ceuta fosse o nosso jogo da reca.

Jogo que tem uma relação visível com o trabalho rural e é caracterizado por uma violência que o afidalgado jogo da choca/mail não permitia.

Regras

1.- Joga-se com uma pinha (ou pequena bola de madeira) que tem o nome de reca, choca ou porca.

2.- Participam cinco jogadores munidos de um aléu (malho ou pau) cada um, o qual pode ser curvo numa das extremidades ou não.

3.- Começa o jogo com as coquerrias da pinha (porca). Chama-se coquerrias ao acto de dar com o pau na pinha, sem a deixar cair ao chão.

4.- O jogador que menos coques der é o que vai com a porca, ocupando cada jogador dos restantes uma nicha.

5.- No centro do terreno há uma nicha ou pequena cova na terra a que se dá o nome de celeiro; em redor deste, à distância de dois a três metros, quatro nichas para os jogadores que o defendem.

6.- Ao jogador que fica com a porca chama-se porqueiro.

7.- O porqueiro tenta meter a porca no celeiro, conduzindo-a com a ponta do pau. Se o conseguir, diz estas palavras: «remeruja, porca suja. (1) Neste caso, os outros jogadores têm de mudar de nicha. O jogador que ficar sem nicha vai com a porca.

8.- Quando o porqueiro tenta meter a porca no celeiro, todos os outros jogadores fazem os possíveis para que ela não entre, evitando também que aquele ponha o pau na nicha.

9.- Depois do tempo terminado (aproximadamente quinze minutos), sem que o porqueiro tenha êxito dizem-se estas palavras: «couto, minha nicha / couto, meu celeiro,/ borro-lhe nas barbas / ao ruim porqueiro».

Os defensores cruzam os paus no celeiro, põem-lhe uma pedra em cima, vão buscar o porqueiro que tenta fugir e dão-lhe com o rabo em cima da pedra.

Assim termina o jogo.

Nota

Podem participar mais de cinco jogadores – sete, por exemplo. Nesse caso as nichas em volta do celeiro são seis.

(1)    Ou «quits, nicha». «Quits» (de quitar) – deixa.

António Cabral “A perspectiva cultural dos jogos populares”, in Estudos Transmontanos, Vila Real, n.º 2, 1984 (texto editado).

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