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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Agricultores dizem que medidas do Governo para diminuir custos de produção são insuficientes

 As medidas anunciadas pelo Governo para mitigar a escalada dos preços dos combustíveis, da energia e de outros factores de produção são consideradas insuficientes e mesmo pouco eficazes pelos agricultores


Há mesmo quem esteja a reduzir a produção ou pensar abandonar a actividade.

Para fazer face aos aumentos verificados nos combustíveis o Governo propôs a redução do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP), estimando uma diminuição de cerca de 3,5 cêntimos por litro.

Para outros factores de produção, como os adubos, correctivos ou rações para animais, o Governo avança com a isenção do IVA.

O ministério da Agricultura vai ainda promover a transição para energias limpas, com apoios para a instalação de painéis fotovoltaicos em explorações agrícolas.

Mas estas não são promessas que convençam Dinis Ramos, da aldeia de Mourão, no concelho de Vila Flor. O agricultor de 44 anos tem entre 60 a 80 bovinos para engorda, actividade a que se dedica há 25 anos, mas pensa reduzir o número de animais ou abandonar definitivamente.

“Está muito difícil, isto é para acabar. Há dois meses nós pagávamos a tonelada da farinha a 280 euros e neste momento está a 463 euros. Já não dá lucro. É impensável trabalhar nesta altura na agricultura e os produtos dos agricultores estão ao mesmo preço ou até mais baratos”, afirmou.

O produtor tem ainda amêndoa, azeite e vinha e vai manter para já estas culturas, mas queixa-se que, por exemplo, o gasóleo agrícola custava há um ano 70 cêntimos por litro e agora ascende a 1,5 euros.

Este é apenas um dos casos de agricultores que pensam que é insustentável manter a actividade agrícola. Carlos Lopes, da Associação para o Desenvolvimento Agrícola e Rural das Arribas do Douro, em Mogadouro, conta que são já alguns os agricultores que admitem não continuar a apostar no sector.

Para o técnico desta associação o impacto das medidas, não se vai notar muito e defende que devia haver um apoio directo aos agricultores e uma redução efectiva dos custos de produção.

“Uma tinha que ser uma intervenção directa nos produtos ou nos factores de produção. No caso do gasóleo agrícola é aumentar o benefício fiscal. O agricultor já tem pouco fundo de maneio para comprar e adquirir os factores de produção, a única maneira era aumentar o benefício fiscal. O que se está a notar é que os factores de produção triplicaram e o preço dos produtos agrícolas quase não mexeu”, frisou.

Armando Pacheco, da Federação dos Agricultores de Trás-os-Montes e Alto Douro, que representa mais de 20 mil agricultores, também considera que os apoios anunciados não são suficientes e defende que apesar de as medidas até parecerem muito grandes não são, dando o exemplo do IVA.

“Um agricultor é uma empresa, a maior parte está colectado, a maior deduz o IVA, se estamos a tirar o IVA não estamos a tirar anda ao agricultor, porque ele já o reduz. É o mesmo como está a antecipar as ajudas que o agricultor tem para Maio, depois deixa de as receber em Outubro ou em Dezembro”, disse.

O dirigente associativo considera que seria mais efectivo implementar “apoios directos” para enfrentar esta crise, aumentando, por exemplo, o apoio por hectare, assim como a reduzir o preço do combustível e da energia

António Neves, presidente da Associação Nacional de Criadores e Cabra Serrana (ANCRAS), defende que “era importante que as medidas fossem ao encontro das reais necessidades de produção”, já que entende que às vezes o Governo define determinadas medidas que não têm aplicação e enquadramento na prática”.

“A forma mais correcta de mitigar estes problemas será uma ajuda a fundo perdido aos animais. Aquilo que defendemos é 100 euros por cabeça normal. Tudo está comprometido. As sementeiras de Primavera estão todas comprometidas com o preço dos cerais, do gasóleo. Vai ser muito difícil que esta campanha decorra com normalidade”, referiu.

António Neves considera ainda que é importante que o Governo ouça as organizações, na implementação destas medidas, para que tenham aplicação na região.

A inflação e os impactos da guerra, são problemas que se vêm somar a outros como a pandemia e a seca. Mas os agricultores não acreditam que as medidas anunciadas pelo governo para o sector serão verdadeiramente efectivas.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro

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