Andrea Cortinhas, secretária técnica da Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Churra Galega Mirandesa, admite que, depois de 2020 e 2021 terem sido desastrosos, agora há mais procura do que oferta. "As vendas passaram por uma fase muito boa, muito optimista. Esgotou-se o stock. Na época do Natal já se notou esta subida de interesse pela carne de pequenos ruminantes, também foi uma época muito boa. Neste momento voltamos a verificar o mesmo, tivemos que dizer não aos nossos clientes. Desde o Natal que o mercado de ovinos e caprinos teve aqui uma mudança radical, tanto a nível de preço como de produto comercializado. Neste momento, com os preços praticados, o mercado tem que ter um poder económico bastante sólido para conseguir comprar o produto".
Para os criadores de cabras serranas, os últimos dois anos não foram assim tão complicados, mas só conseguiram vender por causa dos clientes fidelizados, que já conheciam o produto. António Neves, responsável da Leicras - Cooperativa de Produtores de Leite de Cabra Serrana, admite que era preciso incentivar os criadores porque a procura também tem ultrapassado a oferta. "Estamos a vender o cabrito através da plataforma digital onde também vendemos o queijo. Como vem sendo hábito, não temos cabritos, nesta altura, para as encomendas que temos. Aqueles que efectivamente gostam compram mais atempadamente e nós estamos a conseguir satisfazer os pedidos. Não estamos a conseguir satisfazer apenas nas grandes superfícies. Temos uma, com a qual trabalhamos e a que lhe entregamos 150 carcaças, mas não chega. Queriam o dobro. Era preciso que a produção fosse disciplinada para termos mais animais nesta altura do ano, mas é difícil".
José Rodrigues, secretário técnico da Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Churra Galega Bragançana, confirma que os últimos tempos não foram fáceis mas que os cordeiros voltaram agora a ser procurados. Ainda assim, há problemas que persistem. "Os cordeiros têm andando procurados, mas o preço ainda é relativamente baixo para os custos de produção. Depois também há a questão da comercialização, nem sempre os vendem quando precisam, têm que esperar que cheguem os clientes. Ainda assim, o ano não está a ser mau. Já no Natal houve uma grande procura e agora também, quer para Espanha, Porto, Lisboa, aqui nem tanto".
Nos últimos dois anos, alguns criadores da região pouco venderam e houve outros que tiveram que levar o produto para a internet, de forma a comercializar o que tinham, mas as vendas voltam agora a estar em alta.
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