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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

“Por que nos matamos?”

 Há muito tempo que esta pergunta anda a desafiar-me para falar sobre as suas causas e sobretudo sobre os seus efeitos.
Ouvi esta frase a um repórter de guerra, num filme cujo nome não consigo identificar, mas penso que seria sobre a II Guerra Mundial. Tanto me impressionou que me acompanhou desde o dia em que vi esse filme.
Tenho assistido, como toda a gente, a conflitos por todo o mundo – alguns deles transmitidos em direto, sobretudo pela televisão. E nesses diretos tenho visto gente que chora, porque foi ferida na sua integridade, na sua dignidade, na sua felicidade. São parentes e amigos que morrem ou ficam estropiados, crianças vilipendiadas, à procura dos pais ou parentes que não mais terão oportunidade de encontrar; é a destruição de tudo quanto, com muito trabalho e muita determinação, as pessoas conseguiram obter para conforto seu e dos seus familiares; são doenças que se multiplicam; são instituições sociais arrasadas, (hospitais, teatros, universidades, museus, edifícios comunitários multiusos, ginásios, grandes espaços para recreio ao ar livre…). São também destruídos alimentos, (ato criminoso que vai criar e aumentar a fome); meios de transporte, estradas, caminhos de ferro, pontes, aeroportos. As terras aráveis deixam de sê-lo, a fauna e a flora sofrem toda a espécie de maus tratos, o ar torna-se irrespirável!
Toda a ordem da vida, pois, se altera, não dando qualquer hipótese de verdadeira saída do inferno que a guerra cria.
Revendo a história, vejo-me, na guerra em que se vive, a pensar se o mundo será ou não o espelho daquele em que os conflitos persistentemente o têm vindo a assolar. Certamente que sim!
A ambição, a temeridade, a arrogância, a alegada razão e a visão sanguinária que faz vibrar os tiranos e os ditadores serão, além de outros, os motivos que levam a originar estas grandes catástrofes nas quais, afinal, todos acabam vencidos!
Aqueles que pensam ter ganho vêem-se obrigados a refazer todo o poderio que empregaram para derrotar o inimigo e precaver-se para não serem derrotados em outras imprevisíveis guerras; enquanto isso, o povo será sujeito aos muitos sacrifícios que se vão juntar àqueles que fez para ganhar a guerra; os que perdem continuarão pior do que viviam antes – agora dependentes em grande parte daqueles que os venceram. Para todos uma grande desilusão!
Também para todos há um bem que se perde para sempre, e sempre há de ser chorado: as vidas humanas – os que morrem e os que ficam mutilados. Que se lucra com a guerra?
Enquanto gerações se perdem nestes horrorosos conflitos, a indústria da guerra não deixa de colher os seus frutos, e vai criando cada vez mais e melhores máquinas de destruição.

Manuel António Gouveia

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