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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Lendas do Concelho de Vimioso

O mouro e a boieira

No sítio chamado Fornos, termo de Algoso [concelho de Vimioso], há uma fonte aonde vive um mouro encantado que, certo dia, apareceu a uma boieira prometendo-lhe imensas riquezas se o desencantasse. Para isso bastava que se não assustasse quando ele lhe aparecesse à hora aprazada em figura de touro bravo, em jeito de querer escorná-la, ou de serpente a trepar por ela acima para a beijar.
A rapariga prometeu, mas fugiu quando da investida da serpente, e o mouro desapareceu, lastimando-se dolente:
– Ai que me dobraste o encanto.

Fonte: ALVES, Francisco Manuel; AMADO, Adrião Martins – Vimioso: Notas Monográficas, Coimbra, Junta Distrital de Bragança, 1968, p. 321.

Lenda do cordão de oiro

Há lenda de moura encantada na fonte que está no sítio dos Fornos, termo de Algoso [concelho de Vimioso]. É a lenda do cordão de oiro, aparecido a uma mulher que foi lá beber. Esta dobou, dobou, até que o fio se quebrou com o peso do novelo, convertendo-se então tudo rapidamente em carvões e ouvindo-se ao mesmo tempo uma voz que dizia:
– Ai, que me dobraste o encanto!

Fonte: ALVES, Francisco M. – Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Vol. IX, Porto, 1934, p. 498.

Lenda da Serra do Mó

Conta-se que no cume da Serra do Mó, que é metade espanhola e metade portuguesa, vivia um rei mouro com a sua esposa e três filhas: Zaida, Zoleida e Zulmira.
No sopé da serra, próximo de Avelanoso, no concelho de Vimioso, existia uma fonte, chamada "Fonte da Moura", onde as filhas do rei costumavam ir pentear-se.
Um certo dia, Zoleida encontrava-se sozinha na fonte, onde tinha ido pentear os seus cabelos com um pente de ouro. Estava a chorar. Passando então por ali um pastor, perguntou-lhe este:
– Porque choras, menina?
– Choro porque deixei cair o meu pente de ouro na fonte.
O pastor retirou-lhe o pente da fonte e, ao vê-la feliz e tão agradecida, apaixonou-se por ela. E continuaram a encontrar-se naquela fonte. Daí o nome "Fonte da Moura".
O rei mouro, quando soube, opôs-se ao romance, por o pastor ser cristão e pobre, e ela ser moura e rica. Só que a paixão foi mais forte, e ela resolveu fugir com o pastor. Depois converteu-se ao cristianismo e casou com ele.

Fonte: Inf.: Alice Baptista Martins, 78 anos; rec.: Avelanoso, Vimioso, 2001.

Lenda do Castelo de Algoso

Conta-se que o castelo de Algoso, no concelho de Vimioso, foi habitado por um rei mouro que usava de grande tirania sobre as povoações da zona. Com ele vivia uma filha que se enamorou de um fidalgo cristão, tendo ela própria auxiliado os cristãos quando estes tentaram reconquistar o castelo.
Os cristãos conseguiram assim levar de vencida o rei mouro. Porém este logo descobriu a traição da filha. E por isso, como castigo, encantou-a na figura de uma serpente, deixando-a nos subterrâneos do castelo a guardar um valioso tesouro. Ele, entretanto, tratou de fugir por uma mina que lá havia, na esperança de voltar um dia para reaver o seu tesouro.
Diz o povo que esta mina entra pelo monte da Penenciada adentro, e que, em noites de S. João, tem sido vista uma donzela muito linda com os cabelos soltos, a chorar, sentada sobre uma fonte ali situada, e que desaparece aos primeiros alvores da madrugada, aparecendo no seu lugar uma enorme serpente com uma grande cabeleira, a rastejar, a rastejar, até que desaparece também. Por esta razão não há quem se atreva a entrar dentro da mina e a procurar o tesouro que lá existe.
A fonte é conhecida pelo nome de "Fonte de S. João Baptista" e o povo reconhece-lhe poder na cura de certos males. Por isso é alvo de muitas romarias, especialmente no dia de S. João. Ao lado há uma capela dedicada a este santo.

Fonte: Inf.: António Augusto Fernandes, 72 anos; rec.: Algoso, Vimioso, 2001

Lenda da Fonte de S. João

A Fonte de S. João, que existe em Algoso, no concelho de Vimioso, é, segundo o povo, uma fonte encantada, onde vive uma moura. Diz-se que um dia um humilde jornaleiro, ao passar por ali, viu a moura e puseram-se a conversar um com o outro. E de tanto conversarem, a moura engraçou com o homem, ao ponto de lhe prometer tudo quanto lhe pedisse.
O jornaleiro, admirado com tal oferta, disse-lhe:
– Seis vinténs por dia me bastam.
– Está bem – aceitou a moura. – Cá os encontrarás debaixo de uma pedra, se vieres apanhá-los ao dar a meia noite e não contares a ninguém.
Assim fez o jornaleiro, noite após noite. E como tinha esta diária assegurada, deixou de trabalhar. Passou então a viver melhor do que os seus vizinhos. Estes, todos os dias, quando iam para o trabalho ao amanhecer, chamavam-no sempre:
– Vens connosco?
Ele agradecia, mas não ia. Até que se cansou de estar sempre a ser chamado, e, por isso, numa certa manhã respondeu-lhes:
– Enquanto a fonte de S. João me der a jornada, não precisarei de mais nada!
Tais palavras foram a sua desgraça. Daí em diante, nunca mais a fonte lhe deu nenhum vintém.

Fonte: Inf.: Inês Rosa Fundo Afonso Martins, 44 anos; rec.: Vimioso, 1999.

Mouros Míticos em Trás-os-Montes – contributos para um estudo dos mouros no imaginário rural a partir de textos da literatura popular de tradição oral.

Alexandre Parafita

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