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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

A FUGAZ VIDA DA BONECA DE ELSA

Por: Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS
São Paulo (Brasil)
(colaborador do Memórias...e outras coisas)

Boneca de papelão,
típica da década de 1950
Meados do Século XX. Lembro natais, quando vivia na fazenda de café, no interior de São Paulo, Brasil.

No dia de Natal, viam-se crianças sorrindo, brincando com os novos brinquedos que o Papai Noel trouxera durante a noite. Nas carinhas, o sorriso franco por terem ganhado um brinquedinho simples. 
Pelo Natal, minha irmã, pouco mais nova que eu, ganhou uma boneca, daquelas feitas em papelão branco, com rosto desenhado à tinta. 
Os leitores nem podem imaginar a minha felicidade e a felicidade da minha irmã, quando recebeu seu presente, que o bom velhinho havia deixado no sapato, sob o presépio. Havia um brilho intenso nos olhos dela; que se encantou com a bonequinha.
O ruim da história, que marca tal dia na minha lembrança, foi que minha irmã, na ansiedade de fazer carinho para a boneca, quis dar café para a boneca, o qual acabou caindo na cara da boneca, desfigurando-a. 
Chorosa e aflita, tentou lavar a cara da boneca com água e sabão; tentou! As feições foram sumindo, sumindo, sumindo, sumindo; .... sumiu! A boneca ficou sem olhos, boca, nariz e orelhas; e ainda ganhou um enorme borrão azul, resquício da tinta de má qualidade com que foi feita a feição da boneca.
Mais minha irmã olhava; mais chorava!
 Raciocinei: a cidade mais próxima ficava há 25 km, porém não havia condução para ir até lá; dinheiro para comprar outra boneca não existia... .
Resolvi: eu próprio fui ao milharal, escolhi uma espiga/boneca do pé de milho, com longos cabelos avermelhados, que enrolei num lenço de seda da minha mãe e entreguei à minha irmã.    Ela parou de chorar!
Essa foi a boa ação mais bonita que fiz na minha vida!
Essa minha irmã faleceu em 2008, no exato dia em que completava 60 anos de idade! Essa quarentena devido ao Covid-19 e a proximidade do Natal fez-me lembrar dela, com profunda emoção. Fique com Deus minha irmã.
Entre a fartura na mesa e a mesa em que tudo falta, há a presença do Menino Jesus. Que Ele esteja em todos os lares, seja do rico ou do pobre. O importante é que a Sua presença possa ser vista e sentida, pois a comemoração é para Ele. A comemoração é pelo Seu nascimento. O nascimento do Nosso Salvador.

Antônio Carlos Affonso dos Santos
– ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 8 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de quatro outros publicados em antologias junto a outros escritores.

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