E nos casos em que a tradição se vai cumprir terão de ser feitos ajustes.
António Tiza, presidente da Academia ibérica da máscara confirma que cancelar as festas foi a opção da maioria dos grupos, para evitar ajuntamentos e porque muitas das tradições implicam contacto próximo, agora desaconselhado. "De um modo geral não vão sair. Já foi anunciado por vários grupos de caretos, dadas as condições. Para falar do carnaval ainda é um pouco cedo".
Há algumas exepções, ainda que poucas e numa versão adaptada de forma a evitar concentração de pessoas. "Mantendo uma parte dos rituais em que não há ajuntamentos e em que são poucos caretos, quatro, cinco ou seis, não mais, que andam dispersos, que há um charolo que vai circulando pela rua. As pessoas não saem das casas ou podem vir à porta, não havendo ajuntamentos".
Em Grijó de Parada, no concelho de Bragança, foi decidido cancelar a festa de Santo Estevão, por ser impossível cumprir as regras de distanciamento, como conta André Seca, da Associação de Caretos da aldeia. "As nossas festividades, no dia 26, passam pela missa e pela bênção da mesa, em que todo o povo renuía e em que são distribuídas sardinhas e pão. Era impossível fazer distanciamento social e por isso foi suspendido. No dia 27 entraríamos em todas as casas da aldeia e foi também suspendido, por causa do mesmo problema".
Com excepção de alguns períodos de interrupção, o cancelamento destes rituais do solstício no Nordeste Transmontano é inédito, sublinha António Tiza. "Isto nunca aconteceu. Da minha lembrança, nunca aconteceu. Houve interrupções mas não por isto, na altura da Guerra Colonial, porque os jovens estavam todos na guerra. Isto na minha aldeia, em Varge".
As festas de Inverno afectadas também pela pandemia de Covid-19, sendo que a grande maioria destes rituais ancestrais foram cancelados.
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