Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Meia de leite e meia torrada! O empregado questiona na rotina habitual: - Em pão caseiro, ou em pão de forma? Que lhe interessa... ela só quer estar ali sentada, ver as pessoas entrar e sair com muitos embrulhos de inutilidades que assombram todos os natais.
...envelheceu e nem o vermelho grito dos lábios disfarça muitos natais... longos Invernos... esperas... muitas.
Já deixou de telefonar... tenho saudades tuas! A saudade esfriou como a meia de leite que fica...
Esperou uma vida... sentada na espera... tantos natais.... o último perfume é somente o frasco já vazio... sem uma recordação.... nem o sinal duma presença antiga.
... a torrada arrefece...a meia de leite arrefece... rói as unhas... e os pensamentos já não a incomodam.
...eu escrevo... invento uma história que não conheço, só para estar aqui sentado e tomar um café... enquanto rabisco este quadro duma idosa anónima... mas parece que me adivinha os pensamentos.
Ao sair sorriu... ajeitou o lenço atado ao pescoço e murmurou olhando a chávena do café: - A vida é uma coisa lixada!
...a cidade a levou! Fica somente este esboço. E eu fico sem saber qual é a vida lixada!... e fico...
...arrefece!.. e choro em silêncio com todos os idosos que nos Lares sofrem dolorosamente...sozinhos... na recordação de tantos natais
Bom natal!... por favor!
...envelheceu e nem o vermelho grito dos lábios disfarça muitos natais... longos Invernos... esperas... muitas.
Já deixou de telefonar... tenho saudades tuas! A saudade esfriou como a meia de leite que fica...
Esperou uma vida... sentada na espera... tantos natais.... o último perfume é somente o frasco já vazio... sem uma recordação.... nem o sinal duma presença antiga.
... a torrada arrefece...a meia de leite arrefece... rói as unhas... e os pensamentos já não a incomodam.
...eu escrevo... invento uma história que não conheço, só para estar aqui sentado e tomar um café... enquanto rabisco este quadro duma idosa anónima... mas parece que me adivinha os pensamentos.
Ao sair sorriu... ajeitou o lenço atado ao pescoço e murmurou olhando a chávena do café: - A vida é uma coisa lixada!
...a cidade a levou! Fica somente este esboço. E eu fico sem saber qual é a vida lixada!... e fico...
...arrefece!.. e choro em silêncio com todos os idosos que nos Lares sofrem dolorosamente...sozinhos... na recordação de tantos natais
Bom natal!... por favor!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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