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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

FALARES DE BRUNHOSO

 Pantomina publicada no site de Brunhoso em 07-01-2006, acerca da particularidade do falar da zona de Mogadouro. Tentou-se escrever do modo como falamos.
- Deus nos dê boas tardes, cumpadre !
- Boas tardes nos dê Deus, cumpadre!
- Atão já comiste?
- Atão num haberade. A minha cozeu-me um chabilano cum batatas e cum couves. Atão e tu?
- Olha c’mi umas casulas co bulho e uma selada de merujas p’ra desinfastiar..
- Onte ias a caminho da Lagariça, stava eu a atorar uma lanha ali no Crasto, qué que ias a fazer? Num digas que fuste a botar a a água à regada?
- Nãomassim fui, num tinha nada que fazer e s’habia de andar por aí de bagueiro, lá fui a botar a auga. E amanhã bou a carregar o estrume da corriça da Coba dos Lobos p’ra lo botar olibeiras do Figueiredo.
- Olha tamém eu, amanhã tenho qu’ir à Perdigosa a estrumar as estacas.
- Bamos ó café Chico Barranco a jogar o chincalhão ou uma suecada?
- Nem é tarde nem é cedo. Sempre lá encontramos o Toino do Couço e ó Abilho da Hortelã. A até habia de falar co’eles a ber me querem ir a limpar as olibeiras do Cachão. Temos que le dar as desforra, da outra bez saiu-lhes a porca mal capada, a pinsarem que nos dabam tareia e lá tiberam que encostar a barriga ao balcão. Mas cautela co’eles, ara só macetes e falseiras.
- Olha, bem ali a c’madre !
- Foi a casa do Sr. Júlio, ficou de t’lefonar a tua afilhada.
- Atão comadre, como é que bai?
- Bou bem co’a graça de Deus, T’lefonou a nha Céu, fai anos o meu netinho. Diz a nha Céu que stá munto relamposo e manda besitas p’ra todos.
- Manda-le tamém saudades do padrinho, aquilo é o bosso ai Jasus!
- Atão undé qu’ides a estas horas, compadre maiso meu marido?
- Bamos ali ó café do Chico.
- Num bos demorendes, qu’a noite bem fria. Até amanhã cumpadre, se Deus quiser!
- Bá , bai lá, num demoramos.
- Até amanhã, c’madre.
- Bem, lá bamos. Bõ gabinardo tens. Num há frio que t’entre. Und’é co cumpraste?
- No sóto da Senhora Marquinhas. A minha já me tinha dito que a jaqueta estaba belha e que até parecia mal na missa. Íamos-la a cumprar umas alparagatas ao garoto e a minha biu lá aquilo e trouxe-o. Estaba para esperar p’la feira, para ir à bila a comprar uma samarra ou uma jaqueta, que o frio ainda aí bem, biste o sinceno que habia hoje de manhã?
- Oh, o ribeiro dos Olmos até staba tralhado c’o carambelo. Ó passar esbarou-me um pé qu’até ia caindo.
- Olha, atão qué que le aconteceu ao Chico do Barriguinho, que bem de jagata e a mancar.
- Pois tu num sabes, o pantomineiro do Joaquim dos Lameirões fez-le uma tranquila e olha, estornilhou um pé. Foi preciso lebá-lo ao endireita do Bariz.
- São uns tramplineiros. E tudo por causa duma carunha de azeitona que o Chico, na brincadeira, le atirou. Mas o outro também tinha feito caçoada dele por causa duns bulhacos!
- Um bô lafrau é o qu’ele é.
(No Café do Chico)
- Ora cá bem o saco e ó baraço!
- Ora Chico, já incertaste o pipo? Trai aí dois copos, e ali pró Toino e pr’ó Martinho.

(Continuará?)

07-01-2006

1 comentário:

  1. Linda escrita...faz me lembrar minha infantilidade em BRUNHOSO, anos 1940 / 1947.

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