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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Continuamos na Rua dos Oleiros

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...") 


Passava-se o estabelecimento dos irmãos Gomes que tinha duas portas de duas folhas e passadas estas que me pareça era a Pensão Internacional.
Sempre vi esta Pensão como uma peça chave da infraestrutura de hotelaria, pois no meu tempo de miúdo estava sempre cheia e o seu proprietário era um Senhor a quem chamavam, Guarda Rios e do qual me recordo como um adepto dos mais amantes do Velho G.D.B., que seguia a equipa por todo o Norte de Portugal, ou outras terras onde o Desportivo fosse jogar.
Era um personagem já de uma certa idade mas que participava na vida cívica da Cidade com entusiasmo e frequência.
A casa de habitação do Senhor João Cazão havia sido construída pouco tempo antes e sendo ainda nova, era um regalo ver a D. Julieta à varanda ou à janela sempre elegante e sorridente como era seu apanágio. Grande dama esta senhora que derramava simpatia onde se apresentasse. Tinha uma filha e um rapaz mais ou menos da minha idade de quem continuo grande amigo a quem chamávamos Micky. Vive em Lisboa ou arredores e tem uma particularidade que eu aprecio. Sempre que vem a Bragança faz questão de jantar com o Armando Fernandes ex funcionário do Notário que na sua juventude foi empregado do seu pai e a quem vota uma grande amizade e noutro dia também com a Ritinha, antiga empregada lá de casa que ele nunca esqueceu.
Belos sentimentos que demonstra este Bragançano, tão à maneira transmontana, que diz que vinho e amigo "o mais antigo”.
E passada a residência do Snr João Cazão encontrava-se no meu tempo de menino uma casa que tinha sempre Santos velhos na montra. Era a morada e loja de dois irmãos chamados Cepeda que negociavam em antiguidades. Havia também a mãe, Senhora já idosa mas que me parecia ser quem decidia o que eles deviam ou não fazer. Era uma loja pouco apresentável mal cuidada até mas que exercia fascínio sobre mim. Eu perguntava a mim próprio de onde viriam tantos Santos velhos que ali se expunham e que se vendiam com facilidade.
Foi nessa loja ou devido à sua existência que eu comecei a dar atenção ao recheio de capelas e igrejas e a deliciar-me com a beleza de certas imagens e outros ornamentos da arte sacra. O fim que levaram os ditos irmãos desconheço-o mas tenho bem presente o rosto de ambos e uma ideia insegura de que eram oriundos de Izeda, herdeiros de dinheiro Velho e obedientes à mãe que era como uma versão dos anos 50's da Vechia Signora.
Após esta casa onde o Snr Tavares teve o Escritório, abriu no meu tempo de rapaz uma Drogaria denominada Luso, cujo proprietário era o Senhor Eduardo Luso que esteve ali para servir os seus clientes até há relativamente pouco tempo. O Senhor Eduardo Luso faleceu e não imagino qual é a situação actual da sua Drogaria.
E está muito sumariamente visitado o lado ascendente da Rua dos Oleiros, faltando mencionar o Restaurante Cura, que foi por mim propositadamente deixado sem menção, pois tenciono escrever um texto acerca deste marco da cozinha bragançana e dos seus proprietários Senhor Cura e Amelinha.



Bragança 22/12/2020
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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