Ainda não é possível prever de quanto será a quebra, mas Abel Pereira, da Associação Agroflorestal e Ambiental da Terra Fria Transmontana – ARBOREA – aponta dois fatores com os principais responsáveis: o pico de calor e a septoriose, um fungo que afeta os castanheiros:
“São vários fatores conjugados, mas um deles foi preponderante: as precipitações, a intensidade da chuva de meados de setembro, que fez com que os castanheiros desenvolvessem bastante e deixassem prever uma boa campanha, mas depois as temperaturas extremas que vieram de seguida, acima de 30 graus, acabaram por empatar a árvore, queimando as folhas.
Isto é motivo de preocupação, pois aquilo que seria, há 15 dias, um bom presságio, hoje é repleto de várias dúvidas e incertezas.
Embora me pareça que a campanha ainda não está em risco à data, podendo ainda ficar, sabemos que a produção do fruto parou, no momento que a árvore ficou com a folha seca, o que se foi prolongando na última semana.”
Os estragos nos castanheiros podem deixar os agricultores numa situação complicada:
“O que está aqui em causa é se a castanha que está dentro do ouriço já tem desenvolvimento suficiente e os prejuízos podem ser reduzidos ou circunstanciais, ou se o fruto não tem o desenvolvimento suficiente e os prejuízos podem ser bastante elevados e afetar bastante a produção.
A campanha da castanha das variedades mais precoces, em termos de preços não foi simpática mas em produção não foi má. À data de hoje não há propriamente grandes perdas, tendo noção de que as variedades precoces devem representar 10% da campanha, estando entre 85% a 90% ainda por executar.
E se, de facto, os piores cenários se confirmarem, pode haver aqui uma situação bastante complexa.”
De acordo com Abel Pereira, para não piorar ainda mais a situação dos castanheiros, o ideal era que chovesse mas com pouca intensidade:
“Eventualmente agora teremos de ter chuvas, o solo começa a ficar seco e se não chover a situação será pior.
Mas a chuva tem de ser na proporção certa para que a árvore a absorva e os ouriços comecem a abrir e cair.
Se tivermos muita chuva intensa e muitos ventos durante algum período, também pode provocar a queda do ouriço e das folhas, podendo a castanha cair dentro do próprio ouriço e aí temos um problema a nível da colheita, mesmo tendo castanhas.”
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a chuva regressa já este fim de semana e deverá manter-se ao longo da próxima.
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