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O semanário Nordeste, de Bragança, esteve para não sair esta semana. Só uma compra de última hora, de duas páginas, pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, evitou o pior. "Que fez com que nós pudéssemos manter a impressão do jornal e cumprir os nossos compromissos com os nossos assinantes e leitores. Pelo menos as próximas duas edições", desabafa Paulo Afonso, diretor do jornal.
Por mês, só nas quatro impressões, o Nordeste gasta oito mil euros. Somam-se os custos com o pessoal, viaturas, máquinas, distribuição, entre outros, e com tudo parado, a publicidade não entra. Paulo Afonso fala numa gestão de sobrevivência que poderá extinguir muitos títulos no país.
"Não é um negócio rentável, que se está a fazer na medida da possibilidade e numa gestão de sobrevivência. Não quero arriscar números mas dezenas de jornais no nosso país, de âmbito regional, julgo que irão desaparecer depois desta crise".
Em Bragança, o Mensageiro é o outro semanário. Está registado, como mais 180 publicações portuguesas na AIIC- Associação de Imprensa de Inspiração Cristã. Já fizeram chegar às câmaras e Juntas de freguesia portuguesas um pedido "sensibilidade" para ajudarem com publicações das ações que fazem e informações à comunidade "muito importantes neste tempo de Pandemia", salienta o diretor António Rodrigues que é também vogal da direção da AIIC.
"É uma publicidade institucional de forma a compensar algumas perdas de receitas dos jornais e que possa permitir algum desafogo para que mantenham a sua atividade porque é importante para os cidadãos terem acesso a informação credível e verificada".
Os dois semanários são impressos numa gráfica em Braga, pertença do Diário do Minho que imprime cerca de 100 títulos nacionais. Luís Carlos é o responsável e lembra que 15 desses já suspenderam as edições. "À volta de 15% suspenderam a impressão por dificuldades de tesouraria. Também têm reduzido significativamente o número de páginas. Há jornais que reduziram para metade. As tiragens têm-se reduzido substancialmente, uma vez que os postos de venda estão fechados e tudo isso está a ter um impacto bastante negativo na comunicação de proximidade".
Apenas num mês, a pandemia está a infetar, e muito, a informação escrita regional e local.
Afonso de Sousa
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