É o caso de Luís Gonçalves, que passa ao longo da semana por cerca de duas dezenas de aldeias dos concelhos de Bragança e Vinhais, onde vende mercearia. Mas agora, com alguns novos cuidados em relação à limpeza e no contacto com os clientes. O comerciante tem-se apercebido que as pessoas estão em geral preocupadas e que, por isso, preferem não sair da aldeia para fazer compras. “Há muitas pessoas preocupadas e já elas têm pouca mobilidade por isso agora evitam deslocar-se. Nesta altura, é um serviço importante que prestamos à população, se bem que é o ano todo. As pessoas mantêm-se mais no cantinho delas e andam por ali a fazer seviços e a tratar das hortas mas não se deslocam muito”.
Nos últimos tempos vê, nas suas rondas, mais gente nas aldeias. “Notamos mais gente nas aldeias. Vende-se mais um bocadinho, ao haver mais gente claro que se vende mais e as pessoas compram mais porque, embora estejam informadas, não sabem o que vai acontecer”.
Leandro Marques distribui pão e doces de uma padaria e de uma pastelaria de Vinhais. Faz, como de costume, o percurso por várias aldeias daquele concelho e do vizinho de Bragança. Mas, ao contrário do que é habitual, também leva agora outras encomendas. “Pão, bolos e outras coisas que me pedem. Às vezes pedem que leve os medicamentos da farmácia, arroz e leite”.
Nas rondas também implementou mudanças, por causa da Covid-19. O desinfectante não falta na carrinha e a distância social aumentou. “Usamos máscaras de protecção e luvas descartáveis. Há menos contacto com as pessoas, deixam um saco no fundo das escadas com o dinheiro e o pão que querem e deixamo-lo lá”.
Também tem visto mais pessoas nas aldeias, muitas vindas do estrangeiro e reconhece que algumas fizeram o esforço de se manterem em isolamento em casa. E se isso levou ao aumento das vendas, também diz que alguns clientes habituais deixaram de comprar pão. “Há muita gente que tem forno e coze. Aquelas pessoas que tinham possibilidade de cozer e não o faziam por falta de tempo, agora cozem. Depois há outras que ficam mais resguardadas”.
Quando se impõe isolamento social e se pede que se evitem deslocações desnecessárias, os vendedores ambulantes assumem um papel importante para que alguns bens essenciais continuem a chegar às aldeias.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário