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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

“PARECE QUE ESTAMOS NUM PAÍS ESTRANGEIRO E NÃO FALAMOS A LÍNGUA NEM NOS JUNTAMOS COM NINGUÉM”

Nas aldeias transmontanas, a pandemia Covid-19 trouxe muitas alterações e preocupações, mas as rotinas não mudaram radicalmente.
Os cuidados são maiores para que a doença não chegue até porque a população é maioritariamente idosa, mas as pessoas continuam a realizar os trabalhos agrícolas.

Lurdes Ermida, de 72 anos mora em Paradinha Nova, no concelho de Bragança, com o marido de 81. Garante que tem cuidado e evita o contacto com os vizinhos e até com os familiares, mas não deixa de ir para o campo. “Aqui na aldeia fazemos a vida normal, vamos aos olivais, à vinha, mas ando só eu e o meu marido, não nos juntamos com mais ninguém”, conta, dizendo que tem algum receio, porque “na aldeia só há pessoas de idade e se cai aqui é uma razia”. Apesar de alguma normalidade, lamenta as mudanças. “A filha, o genro e os netos que estão em Bragança vinham cá todas as semanas, almoçar connosco e agora isso acabou, até parece que estamos num país estrangeiro e não sabemos falar a língua nem nos juntamos com ninguém”, afirma. Lurdes Ermida preveniu-se atempadamente com bens essenciais e evita mesmo de sair da aldeia. “Abasteci-me de comida e medicamentos, quando isto começou, e não saímos para lado nenhum. Vêm aqui vender carne e pão, mas pomos um saco o portão e o dinheiro e deixam ficar as coisas”, relatou. Já Isabel Santos de 76 anos, que mora perto de Torre de Dona Chama, evita mesmo sair de casa, a não ser para o quintal. Tem recursos em casa e nem precisa de recorrer ao padeiro. “Praticamente, não saio, a não ser para o quintal aqui à volta de casa. Tenho alimentos, tudo o que é preciso, e o pão cozo em casa. Acho que podia estar 5 meses em casa sem ter de sair”, afirma. Quando precisa pagar contas recorre à ajuda de um familiar mais novo. Arminda Machado mora na Quinta da Seara, às portas de Bragança, mas há várias de semanas que não vai à cidade, comprou o que precisava. Cuida também da horta e dos animais, que acaba por ser uma forma de passar o tempo. “Tenho frangos, galinhas, pombos e trabalho a horta, vou-me entretendo. Há sempre o que fazer, quando me aborreço faço renda e ligo aos amigos”, conta.

A preocupação da proximidade de casos levou-a mesmo a reforçar as precauções. “Evito mesmo sair de casa, ainda ia ver uma cunhada minha, mas depois de ter havido um caso confirmado de uma pessoa que tem aqui casa e vinha cá algumas vezes nunca mais saí, uma pessoa fica com mais receio”, explicou. As rotinas nas aldeias prosseguem mas agora com algumas interrupções.

Jornalista: Olga Telo Cordeiro

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