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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

EM ALFAIÃO O CEBOLO É TRADIÇÃO

Olá, como estão os leitores da página do Tio João?

Este mês de Maio, embora um pouquinho mais quente do que o mês passado, está muito instável. A qualquer momento pode vir uma zurbada de água puxada a trovoada e, segundo o nosso Tio Marcelo, de Ousilhão, Vinhais, no passado dia 7, à noite, houve uma grande promoção de ovos da Páscoa. Claro que se estava a referir à granizada que ocorreu lá para os lados do concelho de Vinhais. Mas já diz o nosso povo “a água, Maio a dá, Maio a leva” e também “águas de regar de Abril e Maio hão-de ficar “.

Já começa a haver cerejas, especialmente na terra quente, mas o povo diz que “em Maio as cerejas uma a uma leva-as o gaio; em Junho a cesto e a punho”.

O nosso grande acordeonista, Tio Manuel Pedro, de Vilar de Ossos de Vinhais, deixou de participar durante alguns dias no nosso programa pois os seus dentes deram-lhe guerra e alguém lhe ensinou uma mezinha que ele compartilhou connosco: colocam-se três brasas do lume num prato de esmalte porque o de porcelana pode estalar, deitam-se umas gotas de azeite em cima das brasas e colocando o funil com a parte mais larga em cima do prato e o tubo do funil em direcção à boca para absorver o fumo. Segundo ele é remédio santo, que até ver nunca mais lhe doeram, mas para o melhor dos males é consultar um dentista e, em último recurso, é “limpar a raiz do dente com um pano de linho”, isto é arrancá-lo.

Como nos vamos apercebendo este ano e pela primeira vez não se estão a realizar feiras e festas, por exemplo a festa internacional da Petisqueira e também não haverá a romaria internacional da senhora da Ribeira. Verdade é uma, o nosso povo está desejoso de festas.

Nos últimos dias compartilharam connosco o seu aniversário Abílio Santos (56), Fonte Fria (Murça); Filipe Pinela (19), Bragança; Arminda Machado (67) (a rainha do tacho), das Quintas da Seara (Bragança); Alice Pinto (86) e o seu filho José Castanheira (60), de Cidões (Vinhais); Isabel Maria (90), Izeda; José Luís (39), Parada (Bragança);Vitorino Neves (80), Vinhais e Ruben Manuel (18), Bragança; que o nosso ministro dos parabéns lhos volte a cantar.

E agora vamos ao cebolo a Alfaião.

O cebolo sempre foi uma cultura tradicional da aldeia de Alfaião (Bragança), que o diga o nosso Tio Acácio Preto, que esteve mais de 50 anos ligado ao cultivo do cebolo, trabalho que também o ajudou a criar as suas filhas. Segundo ele o cebolo sempre foi uma cultura que se deu bem na sua terra.

Estive também à conversa com o presidente da junta de Alfaião, António Batista, que me disse que como este ano não foi possível realizar a feira do cebolo, então resolveu aproveitar as redes sociais “a página da aldeia” fazendo o apelo a quem o quisesse encomendar. Em três dias esgotou, pois também há sempre encomendas de ano para ano. Já se vendeu a primeira apanha e a segunda vendida está, porque primeiro apanha-se o mais forte, deixando o mais fino para poder engrossar para a segunda tiragem. Segundo António Batista o cebolo é de boa qualidade devido essencialmente ao microclima, à terra fértil e ao conhecimento acumulado das pessoas no cultivo deste produto. É uma cultura muito trabalhosa, tem que se mondar várias vezes senão a erva abafa-o.

 “Há quem faça o cebolo em estufas, mas aqui na aldeia graças ao microclima não é necessário. quando há três anos nos lembrámos de organizar a feira do cebolo foi com o objectivo de relembrar às pessoas de fora e também cá algumas de Alfaião, porque já andava um pouco esquecido esse cultivo.

Temos duas qualidades de cebolo, o valenciano e o cebolo maça porque é o que dá cebolas maiores, redondas e que espigam menos. O cebolo é vendido em manhuças de cento e dez pés cada.”

Depois de alguma conversa com António Batista ficou prometido que, para o ano, se o corona vírus deixar, vamos fazer o programa em directo da feira do cebolo.

Que as gentes desta terra nunca percam a tradição de cultivar o famoso cebolo de Alfaião.

Tio João

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