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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

MARIA CASTANHA

O investigador Jorge Lage tem consagrado anos de estudo e enaltecimento do fruto/pão das gentes transmontanas que outrora tinham na castanha elemento primacial para o fabrico do pão ganho com o suor do rosto e o sangue das mãos escalavradas no espinhoso amanho dos campos.
Se a castanha era o elemento principal das parcas, apagadas e persistentes refeições no denominado reino maravilhoso, maravilhoso apenas para alguns, os povos de onde predominava o montado, azinheiras e sobreiros, tal como os castanheiros, ajudavam a manter as crianças, mulheres e homens tinham na bolota – crua, assada, cozida, frita e estufada – a matéria-prima que lhes saciava a fome de remota ancestralidade. Ora, a Antologia de Jorge Lage pode ser entendida na consumação do desejo de alargar o universo dos amantes e amigos da milenar árvore através do ponto de vista de outros autores, vivos, acerca da árvore que enquadro no universo das hierofanias vegetais que o Homem criou ao longo dos séculos e séculos de existência a lutar contra toda a sorte de medo, terrores e catástrofes que não conseguia decifrar ou entender.
O fecundo sábio Mircea Eliade legou-nos profundas reflexões sobre o Sagrado e Profano que obrigam ao cogito e a dizer-nos que existimos. Este propósito agregador de Lage desequilibra/desequilibrou a Antologia porque vários autores não concederam grande atenção ao espírito do Coordenador escrevendo conforme lhe deu na real gana, desde o furoco temático às notas biográficas prenhas de presunção e água benta, porque nestas matérias cada qual expande o que quiser – vanidades, auto-elogios e minúcias de prosápias – cujo ridículo é patente e notório.
Obviamente, o antologiador nada podia atalhar, na justa medida de respeitar as regras de boa educação a impedi-lo de sugerir ou proceder a rejeições dado ter solicitado empenhadamente a colaboração aos autores que deram corpo à obra. Como todos sabemos existem Antologias de múltiplos matizes e fórmulas, lembro as famosas Antologias da extinta Portugália, concebidas ao gosto e conhecimento dos organizadores, José Régio, Jorge de Sena, Cabral do Nascimento entre outros escolheram e trouxeram à tona da água do reconhecimento autores que sem integrarem as referidas Antologias ainda agora estariam a jazer no alçapão do esquecimento.
Obviamente, as Antologias também são fautoras de invejas e até raivosas ciumeiras de quem não as integra, uma delas, a do também itinerante cultural Herberto Helder (foi responsável pela Biblioteca Itinerante de Santarém, episodicamente de outras quando Serviço de Bibliotecas estava a ser lançado) intitulada Edoi Lella Doura produziu ruído e acrimónias perduráveis no tempo e modo ou não fosse o universo das letras um mundillo no qual até os peões de brega querem ser diestros do talante de Manolete.
Estas considerações, talvez impertinentes, escrevo-as correndo o perigo de ser apodado de invejoso ou mal agradecido visto ser um dos antologiados. Sopesei os prós e contras, decidi o acima escrito, procurei contribuir para a qualidade e formosura da Maria Castanha dentro do possível, a mais não fui obrigado em virtude da lhaneza de Jorge Lage a quem testemunho o meu apreço. A obra justifica, ampla, e atenta leitura, morigerada ao gosto de cada um, neste tempo os castanheiros largam a folhagem caduca à espera de nova floração. Reviver superando a maligna peste.
PS. Ao contrário do inserido na Antologia acerca da minha pessoa não nasci em Vinhais, sim em Bragança e vim ao Mundo no ano de 1945, ao contrário do indicado ano de 1965. Menos vinte anos agora seriam como princípio do elixir da longa vida!
Armando Fernandes

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