O projecto apresentado, “Diabos, Diabritos num saco de Mafarricos/Contos da Tradição Oral Transmontana”, foi elegível mas não vai obter financiamento, já que o dinheiro a distribuir ficou todo na área metropolitana de Lisboa. Segundo os resultados, foram contempladas 110 candidaturas, das 506 apresentadas, embora haja 388 consideradas elegíveis para apoio financeiro.
David Carvalho, director artístico da Filandorra, considera que a situação se trata de falta de respeito e que a região está esquecida. “Neste concurso, que é tardio, o dinheiro, pelos vistos, só chega para os de Lisboa. Só companhias da área metropolitana de Lisboa é que vão receber dinheiro, no patamar que era o nosso, de 40 mil euros. Esta Ministra da Cultura fez o que nem o Estado Novo faria. Conseguiu meter tudo em Lisboa e deixar o interior a zero. Isto é impensável. Nunca esperava que isto viesse a acontecer. Temos que nos revoltar e dizer que Trás-os-Montes também é Portugal”.
A candidatura da Filandorra envolve 19 municípios de cinco distritos de toda a região norte: Bragança, Vila Real, Porto, Guarda e Viseu.
Perante a situação, David Carvalho explica que a companhia vai contactar todos os grupos parlamentares da Assembleia da República e solicitar a intervenção da Secretaria de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira. “A senhora Ministra da Cultura mais parece a Tia Miséria, que fez um contrato com a morte, para ver se ainda se consegue safar e nós pensamos que não. Já muita gente pediu a sua demissão. Lembro que é em Bragança que está a secretaria de Estado para a Valorização do Interior, é um sinal que é preciso valorizar o interior”, disse David Carvalho, que considera que “não é a companhia que vai perder, mas sim os jovens das escolas, os cineteatros, as instituições”.
Em Janeiro deste ano, em reunião, a Filandorra fez sentir, à Ministra da Cultura e ao director geral das Artes, que o modelo de apoio às artes por concurso está falido. Ainda assim, David Carvalho não contava com este desfecho. “Para mim foi uma surpresa total. Várias pessoas ligadas ao partido que está no poder estão também um bocado descontentes e contra a situação. Não percebemos mas temos o direito de protestar e a esperança é a última a morrer. Isto é um insulto ao público de Trás-os-Montes”.
O projecto que a companhia candidatou tem por base a obra de Alexandre Parafita.
A Filandorra avança que, na sexta-feira, em cerimónia pública, vai entronizar a Ministra da Cultura como a “Ti Miséria” da Cultura em Portugal. Nesta data estava prevista, na candidatura, a estreia do projecto, em Vinhais.
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