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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Vida

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Entre o Macúti e Sofala / Todo o mar é uma lembrança / Cada navio que chega / Traz meus sonhos de criança / Traz meus sonhos de criança / Que eu nunca chego a viver / Os sonhos morrem na praia / Onde as ondas vão morrer. Poema de Jorge Villa, poeta moçambicano.
Li algures no meu tempo de rapaz este poema. Nunca esqueci estas duas quadras que o iniciam. Era o meu sonho escrito e poeticamente copiado por alguém que vinha de um mundo que estava nos antípodas do meu. Mas a luz e a envolvente perceptível são algo de transcendente que mentalmente eu passei a ocupar e a deslumbrar-me com a visão de calma e serenidade que se subentende do segundo verso (todo o mar é uma lembrança) e que me fez desejar ir lá a Macúti e Sofala ver o mar e a luz que nos faz sonhar.
Não fui é claro, mas não se apagou em mim a música que vinda destes versos se quedou até hoje na minha mente que em oposição à do poeta foi nada e criada nos arroios das serras de Montesinho e da Nogueira e caldeada e apurada nas ruas da cidade.
Não fui lá e não fui a tantos outros lugares onde desejei ir. Em contrapartida foi-me dada oportunidade de ver outros sítios menos capazes de me fazerem sonhar e recordo aqui outros versos que sempre regressavam com a sua capacidade descritiva e acalmavam o meu espírito e me ajudavam a andar em frente: ( / Cidade alheia, não tem calor nem cor de paz / Na tarde cheia, a vida aqui, escorre e se desfaz / Fecho a janela, apago a estrela e vou / Procurar outra paz que virá (Duarte Mendes / Festival da Canção,1972).
Toda a minha vida fui capaz de entender, aquilo que é visível e tangível, mas em oposição tenho dificuldade em destrinçar alguma poesia que de tão intelectual se esconde sob um manto espesso de subentendidos. Não é , nem aproximadamente este o caso.
A verdade é que o que for depurado de toda a petulância e convencimento será fácil de entender por todos e poderá ser de grande valia para aqueles que também têm o direito de poder sonhar. Sonha-se com coisas que ambicionamos, com o que é desejável e tantas outras quimeras, mas verdadeiramente só o que é belo e simples fica registado para que quando estamos carentes possamos voltar a deixar de estar.
E estes versos que hoje recordo e dos quais sempre gostei, foram escritos por alguém que foi capaz de me fazer ver que na vida o Belo ainda é possível.
Deixo uma palavra de agradecimento ao Jorge Villa e ao Duarte Mendes pois com dois poemas de fino gosto balizaram o meu tempo e as suas circunstâncias.

 


Bragança 17/12/2020
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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