Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Entre o Macúti e Sofala / Todo o mar é uma lembrança / Cada navio que chega / Traz meus sonhos de criança / Traz meus sonhos de criança / Que eu nunca chego a viver / Os sonhos morrem na praia / Onde as ondas vão morrer. Poema de Jorge Villa, poeta moçambicano.
Li algures no meu tempo de rapaz este poema. Nunca esqueci estas duas quadras que o iniciam. Era o meu sonho escrito e poeticamente copiado por alguém que vinha de um mundo que estava nos antípodas do meu. Mas a luz e a envolvente perceptível são algo de transcendente que mentalmente eu passei a ocupar e a deslumbrar-me com a visão de calma e serenidade que se subentende do segundo verso (todo o mar é uma lembrança) e que me fez desejar ir lá a Macúti e Sofala ver o mar e a luz que nos faz sonhar.
Não fui é claro, mas não se apagou em mim a música que vinda destes versos se quedou até hoje na minha mente que em oposição à do poeta foi nada e criada nos arroios das serras de Montesinho e da Nogueira e caldeada e apurada nas ruas da cidade.
Não fui lá e não fui a tantos outros lugares onde desejei ir. Em contrapartida foi-me dada oportunidade de ver outros sítios menos capazes de me fazerem sonhar e recordo aqui outros versos que sempre regressavam com a sua capacidade descritiva e acalmavam o meu espírito e me ajudavam a andar em frente: ( / Cidade alheia, não tem calor nem cor de paz / Na tarde cheia, a vida aqui, escorre e se desfaz / Fecho a janela, apago a estrela e vou / Procurar outra paz que virá (Duarte Mendes / Festival da Canção,1972).
Toda a minha vida fui capaz de entender, aquilo que é visível e tangível, mas em oposição tenho dificuldade em destrinçar alguma poesia que de tão intelectual se esconde sob um manto espesso de subentendidos. Não é , nem aproximadamente este o caso.
A verdade é que o que for depurado de toda a petulância e convencimento será fácil de entender por todos e poderá ser de grande valia para aqueles que também têm o direito de poder sonhar. Sonha-se com coisas que ambicionamos, com o que é desejável e tantas outras quimeras, mas verdadeiramente só o que é belo e simples fica registado para que quando estamos carentes possamos voltar a deixar de estar.
E estes versos que hoje recordo e dos quais sempre gostei, foram escritos por alguém que foi capaz de me fazer ver que na vida o Belo ainda é possível.
Deixo uma palavra de agradecimento ao Jorge Villa e ao Duarte Mendes pois com dois poemas de fino gosto balizaram o meu tempo e as suas circunstâncias.
Li algures no meu tempo de rapaz este poema. Nunca esqueci estas duas quadras que o iniciam. Era o meu sonho escrito e poeticamente copiado por alguém que vinha de um mundo que estava nos antípodas do meu. Mas a luz e a envolvente perceptível são algo de transcendente que mentalmente eu passei a ocupar e a deslumbrar-me com a visão de calma e serenidade que se subentende do segundo verso (todo o mar é uma lembrança) e que me fez desejar ir lá a Macúti e Sofala ver o mar e a luz que nos faz sonhar.
Não fui é claro, mas não se apagou em mim a música que vinda destes versos se quedou até hoje na minha mente que em oposição à do poeta foi nada e criada nos arroios das serras de Montesinho e da Nogueira e caldeada e apurada nas ruas da cidade.
Não fui lá e não fui a tantos outros lugares onde desejei ir. Em contrapartida foi-me dada oportunidade de ver outros sítios menos capazes de me fazerem sonhar e recordo aqui outros versos que sempre regressavam com a sua capacidade descritiva e acalmavam o meu espírito e me ajudavam a andar em frente: ( / Cidade alheia, não tem calor nem cor de paz / Na tarde cheia, a vida aqui, escorre e se desfaz / Fecho a janela, apago a estrela e vou / Procurar outra paz que virá (Duarte Mendes / Festival da Canção,1972).
Toda a minha vida fui capaz de entender, aquilo que é visível e tangível, mas em oposição tenho dificuldade em destrinçar alguma poesia que de tão intelectual se esconde sob um manto espesso de subentendidos. Não é , nem aproximadamente este o caso.
A verdade é que o que for depurado de toda a petulância e convencimento será fácil de entender por todos e poderá ser de grande valia para aqueles que também têm o direito de poder sonhar. Sonha-se com coisas que ambicionamos, com o que é desejável e tantas outras quimeras, mas verdadeiramente só o que é belo e simples fica registado para que quando estamos carentes possamos voltar a deixar de estar.
E estes versos que hoje recordo e dos quais sempre gostei, foram escritos por alguém que foi capaz de me fazer ver que na vida o Belo ainda é possível.
Deixo uma palavra de agradecimento ao Jorge Villa e ao Duarte Mendes pois com dois poemas de fino gosto balizaram o meu tempo e as suas circunstâncias.
Bragança 17/12/2020
A. O. dos Santos
(Bombadas)
Sem comentários:
Enviar um comentário