Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
O Kiko guarda o bairro como se não houvesse amanhã… ri-se do frio, da neve, ou da geada no seu mister de guardador.
Mas não entende o que se passa… neste estranho estar. As portas do casario estão fechadas… os vizinhos ausentes... e os turistas não chegam alegrando a novidade da estrada…
… e o Kiko não entende… só espera… num tempo estranho… persentindo as longas ausências.
Até o sino se calou nas manhãs de domingo… como se o próprio Deus estivesse com medo… dum medo invisível e estranhamente tão humano…
… e o Kiko espera… pacientemente espera… talvez amanhã possa fazer-se ao monte… acompanhar os vizinhos à horta… na herança de todas as virtudes da sua mãe Estrelinha que se cansou de esperar e se fez à eternidade… deve estar no céu… de todos os cães, pois era a cadela mais devota do povoado e era a primeira a chegar à igreja quando o sino convidava à devoção…
… o seu filho Kiko… não é tão devoto… e bem pode o sino tocar que ele não abandona a sua missão de guardador… e de esperar a novidade do amanhecer…
... às vezes fica triste... como eu... e ladra perdidamente... a medos antiquíssimos.
… destinos!
Mas não entende o que se passa… neste estranho estar. As portas do casario estão fechadas… os vizinhos ausentes... e os turistas não chegam alegrando a novidade da estrada…
… e o Kiko não entende… só espera… num tempo estranho… persentindo as longas ausências.
Até o sino se calou nas manhãs de domingo… como se o próprio Deus estivesse com medo… dum medo invisível e estranhamente tão humano…
… e o Kiko espera… pacientemente espera… talvez amanhã possa fazer-se ao monte… acompanhar os vizinhos à horta… na herança de todas as virtudes da sua mãe Estrelinha que se cansou de esperar e se fez à eternidade… deve estar no céu… de todos os cães, pois era a cadela mais devota do povoado e era a primeira a chegar à igreja quando o sino convidava à devoção…
… o seu filho Kiko… não é tão devoto… e bem pode o sino tocar que ele não abandona a sua missão de guardador… e de esperar a novidade do amanhecer…
... às vezes fica triste... como eu... e ladra perdidamente... a medos antiquíssimos.
… destinos!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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