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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

... HOUVE UM TEMPO

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Houve um tempo em que o café era quente… e os amigos ficavam… no remanso da tarde…. Sorrisos e conversas longas… política e futebol… filosofia e religião… ciência e mezinhas… 
Houve um tempo em que partilhávamos o estar no aconchego da mesa… sem medo.
… e não demos valor!
Houve um tempo em que o abraço era quente e as mãos se davam… no passeio ao entardecer.
Houve um tempo em que íamos à festa e nos perdíamos no rebuliço do arraial.
… e não demos valor!
Houve um tempo em que andávamos à chuva… ao sol… e sem medo dizíamos bom dia a toda a gente… dá-me dois beijos! Que saudades!
Houve um tempo em que o coração batia perto do outro nas ruas tumultuosas da cidade.
… e não demos valor
Houve um tempo em que todos os dias íamos para escola, para a repartição, para a fábrica, para os campos, para o mar, para o hospital, para a esquadra, para o quartel, para o jornal, para a rádio, para o lar… fazer pela vida... e regressávamos a casa… repetindo rotinas e gestos cansados.
Houve um tempo em que íamos de férias… comíamos em restaurante… matávamos a sede em bares apinhados… fazíamos cruzeiros… visitávamos monumentos…museus… íamos ao rio pescar… em abril saímos à rua na sede da Liberdade e demos abraços como se não houvesse amanhã.
… e não demos valor!
Um dia… simplesmente um dia… sirvam-me um café no meu café da Praça da Sé… sem pressa… Abracem-me sem medo no sentir do coração… devolvam-me as ruas cheias de gente… digam-me que é domingo e hoje não se trabalha… somente apertem a minha mão
… e a estas pequenas coisas darei muito valor!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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