O certame, que este ano agrega os produtos da terra e os sabores mirandeses, realiza-se entre 13 e 16 de abril, na semana antes da Páscoa, época em que o doce conventual tem um lugar de destaque nas mesas dos habitantes do Planalto Mirandês, no distrito de Bragança.
“Este ano não se realizou a Feira do Sabores Mirandeses, devido às restrições provocadas pela covid-19 e que estava prevista para o passado mês de fevereiro, e assim juntamos o certame com o da bola doce, sendo uma espécie de dois em um, para poder dinamizar a economia local”, explicou à Lusa a presidente da Câmara de Miranda do Douro, Helenas Barril.
Assim, juntam-se bola doce mirandesa aos folares, aos enchidos, aos produtos da terra e à carne proveniente das raças autóctones num só certame, que promete, igualmente, animação musical e as danças dos pauliteiros, bem como um concerto com os grupos locais de música tradicional Galandum Galundaina e Trasga, entre outros elementos culturais da região.
Este ano são esperados 45 expositores no certame, que vai decorrer um espaço especialmente preparado para o efeito situado no centro histórico da quinhentista cidade de Miranda do Douro.
“Vamos assim, desta forma, tentar dinamizar a economia local já que há produtores que aproveitam estes certames para escoar os seus produtos. Nos dois últimos anos, os certames [Sabores Mirandeses e Feira da Bola Doce] foram realizados ‘online’”, indicou a autarca.
No que respeita à bola doce, trata-se de uma iguaria de textura diferenciada, o que lhe permitiu ganhar visibilidade fora do seu território.
A bola doce é um dos ícones da doçaria conventual do Planalto Mirandês, confecionada com canela e açúcar às camadas, sendo amassada à mão, cozida num forno tradicional e servida na Páscoa.
Para confecionar este folar, os ingredientes terão de ser bem selecionados e a massa bem esticada para dar origem a um doce húmido, com camadas muito finas separadas por canela e açúcar.
Segundo a tradição mais antiga, esta bola é confecionada com farinha de trigo, ovos, canela, açúcar, fermento padeiro, manteiga, azeite e sal.
A bola doce mirandesa deixou de ser um fenómeno sazonal e assumiu o papel de produto regional que já é vendido durante todo o ano em Lisboa, no Porto e em alguns pontos de França e Espanha.
Segundo o historiador António Rodrigues Mourinho, a bola doce é uma peça de pastelaria com origem, pelo menos, em tempos dos descobrimentos portugueses.
"Há registos pelo menos desde 1510 que indicam [esta como] a data mais provável da introdução da bola doce nas mesas dos habitantes do Planalto Mirandês. A tradição foi herdada dos conventos ou de famílias do clero e de gente rica. O povo foi modificando a maneira regional, dando-lhe uma forma e sabor próprios que a distingue da doçaria de outras regiões", afiançou o investigador.
Dadas as suas características, foi dado início a um processo de registo da bola doce para que seja considerada um "produto genuíno" da região do Planalto Mirandês.
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