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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Papel do cuidador informal abordado na aldeia de Vale de Prados com peça de teatro-fórum

 Realçar o papel de quem cuida de forma informal, chamando à atenção para os problemas que, muitas vezes, estas pessoas enfrentam e nem sempre recebem as respostas adequadas, é o objetivo da peça “Cuidar Todos os Dias”, desenvolvida pelo Laboratório de Teatro-Fórum da Faculdade de Sociologia da Universidade do Porto, que passou pela aldeia de Vale de Prados, no concelho de Macedo de Cavaleiros.


Dificuldades transversais ao país mas mais evidentes nas regiões envelhecidas, como esta, destaca José Soeiro, do grupo:

“Existe esta grande discrepância entre os cuidados que as pessoas precisam, porque estamos numa sociedade em que, felizmente, vivemos até mais tarde mas isso também traz problemas de maior dependência e necessidade de cuidados. 

Ao mesmo tempo continuamos a ter um tipo de resposta que atira muito para cima das famílias a responsabilidade de cuidar e distribui pouco os cuidados, quer pelo conjunto da comunidade, quer por respostas públicas.

Essa carência existe um pouco por todo o lado mas em regiões mais envelhecidas e naquelas onde existem menos rendimentos, mesmo as respostas presentes não são acessíveis porque as pessoas não têm como pagar.

O que fizemos aqui foi teatro-fórum com o qual montámos uma cena que representou uma situação real, em que existe uma dificuldade e um problema Depois dessa apresentação perguntámos às pessoas o que fariam se o estivessem a vivenciar.”

Junto da população de Vale de Prados o grupo encontrou casos reais, que deram o seu contributo para a peça e relataram problemas já vivenciados, referem Francisca Matos e Sofia Freitas, do Laboratório Teatro-Fórum:

“Antes do teatro também já tínhamos perguntado às pessoas se se identificavam com estes problemas e reconhecemos que, de facto, afeta a maior parte das pessoas que assistiram à peça.

Os presentes deram ideias de como mudar as situações que presenciavam e, dessa forma, pudemos todos participar e tentar encontrar soluções.”

“O que é interessante é que é só com esse contributo é que a peça fica melhor porque é partir das ideias que nos vão sendo dadas que a vamos adaptando. Não está fechada e vai sempre sendo contruída consoante as reações e contributos que cada público dá.”

Entre os presentes encontrámos Isabelina Carvalho, que foi obrigada a colocar a mãe num lar privado, por ter ficado doente, o que a impossibilitou de lhe continuar a prestar em casa os cuidados que a idosa requer.

Mas por lhe ficar caro, vê-se obrigada a voltar a levá-la para casa e gostava de poder contar com mais ajudas do Estado, o que já no passado não aconteceu:

“Sinto que deveria haver muita mais ajuda, até mesmo umas palavras de conforto que não temos.

Fui pedir ajuda à Segurança Social quando fiquei muito doente, pedi que ajudassem a pôr a minha mãe num lar mas não fizeram nada.

Continuei com a minha mãe em casa e sofri muito para tratar dela.

Esta peça foi muito importante pois aprendi mais, caso precise novamente de pedir ajuda.”

Teresa Matos já teve ao seu cuidado um idoso e também trabalhou num lar.

Conta que em ambas as situações encontrou dificuldades:

“Como cuidava do senhor sozinha era muito difícil ter de o movimentar, por ser muito grande.

Acho que o papel do cuidador informal é um pouco desvalorizado no nosso país, até mesmo nos lares. Já trabalhei num durante 10 meses e não foi fácil, os apoios também são poucos.”

Desde janeiro deste ano que o Estatuto do Cuidador Informal foi alargado a todo o território continental português, depois de durante cerca de um ano ter funcionado num sistema de projetos-piloto, circunscritos a 30 concelhos.

Escrito por ONDA LIVRE

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